14 fev, 2025 - 22:04 • Diogo Camilo e Lusa
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, usou o seu discurso na Conferência de Segurança de Munique, que começou esta sexta-feira, para criticar a Europa pelo que diz ser a censura da liberdade de expressão, referindo que a mesma está em “retrocesso” no bloco europeu.
“Por toda a Europa, temo que a liberdade de expressão esteja em retrocesso”, afirmou JD Vance, lançando também críticas à administração do anterior Presidente dos EUA, Joe Biden, pela censura a empresas de redes sociais.
Durante o seu discurso, o braço-direito de Donald Trump disse que a Europa enfrenta “uma ameaça vinda de dentro” e minimizou o risco de interferência política pela Rússia.
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“Durante anos, disseram-nos que tudo o que financiamos e apoiamos é em nome dos nossos valores democráticos, desde a política sobre a Ucrânia à censura digital é categorizado como a defesa da democracia. Mas quando vemos tribunais europeus a cancelarem eleições e autoridades a ameaçarem cancelar outras, devemos perguntar-nos se nos estamos a colocar num padrão demasiado alto”, afirmou.
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Vance pediu ainda aos europeus que "mudassem de rumo" em relação à imigração, um dia depois de um ataque com um carro em Munique, em que o suspeito é um requerente de asilo afegão.
"Quantas vezes temos de sofrer estes terríveis reveses antes de mudarmos de rumo?, questionou, citando o exemplo do atropelamento que provocou mais de 30 feridos.
"Nenhum eleitor deste continente foi às urnas para abrir as comportas a milhões de imigrantes descontrolados", sublinhou, acrescentando que "a migração em massa" é o problema "mais urgente" enfrentado por todos os países.
O futuro da Ucrânia é o principal ponto da agenda em Munique, após um telefonema, esta semana, entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, em que ambos prometeram trabalhar em conjunto para pôr fim ao conflito de três anos entre a Rússia e a Ucrânia.
Vance sublinhou a exigência dos EUA de que os membros da NATO aumentem as despesas com a defesa, falando num momento de intensa preocupação e incerteza sobre a política externa da administração Trump.
O vice-presidente teve depois uma “boa reunião” com Volodymyr Zelensky, segundo o presidente da Ucrânia, que falou ainda do acordo sobre terras raras com os EUA: “As nossas equipas vão continuar a trabalhar no documento.”
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Antes da conversa em Munique, Zelensky pediu “"garantias de segurança" antes de quaisquer negociações para pôr fim à guerra com a Rússia.
Pouco antes de se reunir com Vance à margem da Conferência de Segurança de Munique, Zelensky declarou que só concordará em encontrar-se pessoalmente com o Presidente russo, Vladimir Putin, depois de um plano comum ser negociado com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Vance disse a Zelensky que os Estados Unidos pretendem alcançar uma "paz duradoura" na Ucrânia, "uma paz que não mergulhe a Europa de Leste em conflito dentro de apenas alguns anos", na reunião que mantiveram, que o vice-presidente norte-americano classificou como "uma boa conversa", a que se seguirão mais "nos próximos dias, semanas e meses".
O vice de Trump esteve ainda reunido com a líder da extrema-direita alemã, Alice Weidel, em Munique. A uma semana das eleições legislativas na Alemanha, Vance criticou o "cordão sanitário" dos outros partidos ao Alternativa para a Alemanha (AfD).
Em reação ao discurso de JD Vance, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, afirmou esta sexta-feira que sentiu que os EUA estavam a “querer armar confusão” com a Europa.
“Ao ouvir o discurso, eles tentaram armar confusão connosco e nós não queremos armar confusão com os nossos amigos”, afirmou a estónia, que acrescentou que os aliados se devem concentrar em ameaças maiores, como a guerra da Rússia na Ucrânia.
Kallas lamentou ainda que a União Europeia não possa preencher o vazio que os Estados Unidos estão a deixar nas organizações internacionais.
"No que diz respeito às organizações multilaterais, não creio que possamos preencher o vazio deixado pelos Estados Unidos, mas queremos fazer o que pudermos em áreas que também são de interesse estratégico para nós", afirmou Kallas num painel na Conferência de Segurança de Munique.
Kaja Kallas disse que a Europa procura "formas de atuar" e "aumentar o poder geopolítico", garantindo que a união Europeia (UE) "tem muitas possibilidades nestes tempos turbulentos", porque é "o parceiro fiável que todos procuram".
Salientou ainda que muitos países e organizações "estão atrás das portas" da UE.
"Acredito sinceramente que a UE tem a oportunidade de estar presente, de ser visível e de hastear a bandeira europeia nas relações com outros países, porque somos um parceiro fiável e previsível", argumentou.