17 fev, 2025 - 19:53 • Diogo Camilo
Uma “questão de existência”, relações transatlânticas numa “nova fase” e “maior prontidão militar". A cimeira de líderes europeus que aconteceu em Paris esta segunda-feira foi informal na forma, mas bastante alarmante no seu conteúdo.
Em declarações aos jornalistas no final, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que está em causa “não só o futuro da Ucrânia” e que esta é uma “questão de existência para a Europa como um todo”, referindo que só a paz na Ucrânia pode salvaguardar a sua soberania e impedir Putin de causar mais violência no futuro.
Starmer descreveu o encontro em Paris como um “primeiro passo vital” de resposta ao desafio que é o fim da guerra na Ucrânia e que a garantia de segurança por parte dos EUA “é a única maneira de efetivamente impedir a Rússia” de continuar a guerra.
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“Temos de reconhecer a nova era em que estamos e não nos agarramos ao conforto do passado. Temos de tomar responsabilidade pela nossa segurança, do nosso continente”, referiu o chefe de governo britânico.
Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, fez um apelo à união entre Europa e Estados Unidos quanto à responsabilidade pela segurança da Ucrânia.
“Não deve haver separação da segurança e responsabilidade entre a Europa e os EUA. A NATO depende de agirmos sempre em bloco e partilhamos esse risco, para garantir a nossa segurança”, acrescentou.
Entre os presentes estiveram a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Dick Schoof, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Segurança
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O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, referiu no final da reunião que todos os participantes da reunião concordam que “a cooperação com a NATO é necessária” e que as relações transatlânticas estão “numa nova fase”.
“Os nossos parceiros europeus perceberam que chegou a altura de mais recursos e maiores gastos em defesa”, apontou.
O governante polaco confirmou também que os gastos em defesa vão ser ficar dos limites da União Europeia aos gastos governamentais, como já tinha anunciado a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sexta-feira, em discurso na Conferência de Segurança de Munique.
Também a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, indicou que é necessário aumentar a “prontidão militar” e que não vê sinais de que “russos querem paz”, referindo que a reunião foi informal e não serviu para tomar decisões.
“Um rápido cessar-fogo pode dar à Rússia a oportunidade para se mobilizar e atacar a Ucrânia ou outro país na Europa”, alertou a chefe de governo dinamarquesa.
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Antes da reunião, o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron teve a oportunidade de falar por telefone com Donald Trump, anunciou a presidência francesa.
Já a Rússia, através do conselheiro para os assuntos de política externa de Vladimir Putin, indicou que Moscovo e Washington ainda não acertaram o início dos encontros para o fim da guerra na Ucrânia, nem quem vai liderar as negociações.
Yuri Ushakov, assim como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, vai participar nas negociações bilaterais com os Estados Unidos, onde, do lado da delegação norte-americana, vai estar o secretário de Estado, Marco Rubio, na Arábia Saudita, que acontecem esta terça-feira - depois de Putin e Trump terem falado ao telefone na passada semana.
Depois das declarações de von der Leyen e de Tusk, os ministros das Finanças da Alemanha e Países Baixos rejeitaram o aumento da dívida da União Europeia para reforçar gastos na defesa. Do lado contrário, e mostrando apoio à medida estão Espanha e Bélgica.
“Estamos céticos de que a cláusula de salvaguarda seja uma regra viável, porque exige um grande abrandamento económico que não contemplámos”, disse o ministro das Finanças alemão, Jorg Kukies, na sexta-feira da semana passada, referindo que acredita que o bloco deve “estar consciente de que qualquer mudança tem de respeitar o princípio da estabilidade orçamental”.
Já o homólogo neerlandês, Eelco Heinen, referiu não ter visto "nenhuma proposta", recusando-se a reagir e admitindo que “todos os Estados-membros procuram espaço orçamental”.
Por outro lado, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, afimrou que a Europa está “preparada e disposta” para dar “um passo em frente” e “liderar” as garantias de segurança para a Ucrânia, bem como a investir “muito mais” na defesa.“Preparada e disposta. É essa a minha impressão da reunião de hoje em Paris. A Europa está preparada e disposta a dar um passo em frente e a liderar a prestação de garantias de segurança à Ucrânia”, escreveu Rutte nas suas redes sociais após a reunião de emergência convocada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir o papel da Europa no conflito entre Ucrânia e a Rússia.
“Estamos preparados e dispostos para investir muito mais na nossa segurança. Os pormenores terão de ser decididos, mas o compromisso é claro”, adiantou o antigo primeiro-ministro dos Países Baixos.
Depois da reunião, nas redes sociais, António Costa disse que a reunião serviu para "reafirmar que a Ucrânia merece a paz através da força. "A Europa assume plenamente a sua quota-parte na assistência militar à Ucrânia", escreveu o presidente do Conselho Europeu.
Costa pediu ainda uma paz que "respeite a sua independência e integridade territorial, com fortes garantias de segurança", partilhando uma foto da mesa onde surge entre Ursula von der Leyen e Giorgia Meloni.
Ursula von der Leyen partilhou a mesma mensagem, mas com uma foto diferente, também com os líderes europeus à mesa.
“Ao mesmo tempo, precisamos de um aumento da defesa na Europa”, referem no final da mensagem.