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Alemanha contraria Trump e diz que Rússia foi responsável pela guerra na Ucrânia

19 fev, 2025 - 18:30 • Lusa

"Ninguém além de Putin começou ou quis esta guerra no coração da Europa", afirmou ministra dos Negócios Estrangeiros alemã.

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A ministra dos Negócios Estrangeiros (MNE) alemã defendeu esta quarta-feira que a Rússia foi a responsável pela eclosão da guerra na Ucrânia, reagindo aos ataques verbais feitos na terça-feira pelo Presidente norte-americano ao chefe de Estado da Ucrânia.

"Ninguém além de [Presidente russo, Vladimir] Putin começou ou quis esta guerra no coração da Europa", afirmou Annalena Baerbock, em comunicado, depois de Donald Trump ter tentado culpar Volodymyr Zelensky pela invasão russa ao país vizinho.

Numa conferência de imprensa realizada na terça-feira por Donald Trump, o Presidente norte-americano atacou verbalmente Zelensky, questionando a sua legitimidade, a sua vontade de encontrar uma solução para o conflito e sugerindo responsabilidades pela invasão do seu país pela Rússia.

Nas declarações, que chocaram a Ucrânia, Trump acusou o Presidente ucraniano de ser impopular, criticou a falta de eleições e disse que parte da ajuda dos Estados Unidos da América (EUA) tinha sido desviada.

Volodymyr Zelensky conta com a confiança de 57% dos ucranianos, de acordo com uma sondagem realizada no início de fevereiro pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev e hoje publicada.

Trump afirmou que a taxa de aprovação do seu homólogo ucraniano era de 4%.

Embora o prazo do mandato do Presidente ucraniano tivesse acabado em maio de 2024, a Ucrânia não realizou eleições por estar em guerra e sob lei marcial, além de milhões de ucranianos terem fugido para o estrangeiro e 20% do território estar sob ocupação russa.

Por outro lado, Trump garantiu que Washington tinha "dado 350 mil milhões" do dólares (335 mil milhões de euros) à Ucrânia, mas acusou Zelensky de não saber "onde está metade do dinheiro".

O Instituto Económico IfW de Kiel (Alemanha) estima, no entanto, que a ajuda norte-americana desde 2022 foi de 114,2 mil milhões de dólares.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, elogiou as críticas de Trump e considerou Zelensky "patético", celebrando o facto de o Presidente norte-americano "ter dito em voz alta" que o desejo de expandir a NATO para a Ucrânia foi a causa da guerra, argumento usado por Moscovo para justificar o lançamento da sua ofensiva.

A tarefa de explicar a posição norte-americana cabe agora ao enviado especial de Trump para a Ucrânia e para a Rússia, Keith Kellogg, que chegou hoje de manhã a Kiev.

Adotando um tom conciliador, Kellog disse compreender a necessidade da Ucrânia de ter "garantias de segurança" e referiu que parte da sua missão é sentar-se e ouvir as preocupações sobre os Estados Unidos.

Na declaração feita hoje, a ministra alemã sublinhou que os europeus "estão a trabalhar com todas as suas forças para continuar a fortalecer a Ucrânia" e que o país "só pode negociar a paz que procura --- e, em última análise, a paz da Europa --- a partir de uma posição de força".

"Estamos num ponto de viragem existencial para a segurança e a paz na Europa", disse Baerbock.

"Para isso, nós, europeus, estamos a fazer as nossas próprias propostas e a utilizar as nossas alavancas de negociação. A palavra de ordem é: 'Europa Unida'", concluiu a chefe da diplomacia alemã.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

O conflito de quase três anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.

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  • Respeitinho
    21 fev, 2025 É bom e a gente gosta 19:14
    A melhor resposta que a Europa pode dar a Trump é cortar, senão todas, as principais amarras que tem com os EUA e começar a pedalar sozinha na sua bicicleta. Pode começar em termos de Defesa a comprar Europeu - por cá, sugiro cancelar o programa dos F-25 e apostar no SAAB - e suspender as compras à industria militar americana. Se não estão aqui para ajudar a Europa, a permanência de militares americanos em bases europeias deve ser questionada - têm cá 60 000 tipos a fazer turismo quando os efetivos europeus rondam os 2 milhões... servem para quê, os americanos por cá? E em termos de combustíveis, reabrir centrais nucleares que o Wokismo condenou e comprar o que tiver de ser comprado, a todos menos Rússia e EUA. As perdas da industria militar e das vendas de combustíveis, vão fazer com que esse "pato" americano olhe para a Europa com outros olhos. E com respeitinho, que é coisa que não tem mostrado.

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