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Macron garante que "França não está a preparar envio de tropas" para a Ucrânia

18 fev, 2025 - 23:24 • Lusa

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O Presidente francês, organizador de reuniões para definir o contributo da Europa para o fim da guerra na Ucrânia, garantiu esta terça-feira que “França não se prepara para enviar tropas” para participarem como beligerantes na linha da frente do conflito.

Emmanuel Macron reuniu na segunda-feira em Paris uma dezena de líderes de países-chave europeus, da União Europeia (UE) e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).

Na quarta-feira, vai promover uma nova reunião com “vários Estados europeus e não-europeus”, com o objetivo de reunir os 27 até ao final da semana, anunciou, numa entrevista a vários jornais diários regionais, entre os quais Le Parisien, La Provence e Sud Ouest.

Até à data, o palácio do Eliseu (sede da presidência francesa) ainda não disse em que consistirá esta nova reunião, nem quem participará.

Fontes diplomáticas citadas pela estação televisiva France 24 indicaram, contudo, que estarão presentes “outros países europeus” que não participaram na primeira cimeira de emergência convocada por Macron — Noruega, os três Estados bálticos (Lituânia, Letónia e Estónia), República Checa, Grécia, Finlândia, Roménia, Suécia e Bélgica — “e não-europeus”, como o Canadá, aliado da NATO.

Na reunião de segunda-feira, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou-se preparado para o eventual envio de tropas para a Ucrânia “se for alcançado um acordo de paz duradouro”, ao passo que o chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou tal debate “prematuro”.

“A preocupação de todos é que um simples cessar-fogo na Ucrânia de forma alguma resolverá o conflito; só uma paz plena e completa com condições de segurança, condições de estabilidade social, económica e política na Ucrânia a longo prazo, permitirão a sua resolução”, sustentou esta terça-feira Macron.

Entre as soluções para dar garantias de segurança a Kiev, no âmbito de um eventual acordo de paz com Moscovo, seria possível “enviar especialistas ou mesmo tropas em número limitado, fora de qualquer zona de conflito, para apoiar os ucranianos e mostrar solidariedade. É nisso que estamos a refletir com os britânicos”, afirmou.

Mas “França não está a preparar-se para enviar tropas terrestres” para participarem como “beligerantes, na linha da frente de um conflito”, asseverou.

Recordou que outra hipótese é a “adesão à NATO” da Ucrânia, da qual a Rússia não quer ouvir falar e que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já descartou antes mesmo de negociar.

O chefe de Estado francês reconhece que os europeus querem que Washington apoie as suas futuras garantias de segurança em Kiev.

“Dado que a Rússia é um Estado com capacidade nuclear, este é um ponto fundamental para os nossos parceiros europeus”, admitiu, na entrevista.

Macron referiu também a possibilidade de “se decidir, no âmbito das negociações, a realização, sob mandato das Nações Unidas, de uma operação de manutenção da paz, que se realizaria ao longo da linha da frente”.

Numa altura em que o reatamento do diálogo direto entre Donald Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, na semana passada, desanimou muitos europeus e em que paira a ameaça de negociações entre ambos e sem a Europa sobre a Ucrânia, Emmanuel Macron diz ver o lado positivo.

Trump “pode reiniciar um diálogo útil com o Presidente Putin”, afirmou o Presidente francês, acrescentando que Trump está a “recriar uma ambiguidade estratégica para o Presidente Putin”, utilizando “palavras muito firmes” e criando “incerteza”, que “pode ajudar a exercer pressão”.

E garantiu que ele próprio está disposto a falar com o homólogo russo “no momento apropriado do ciclo de negociações que se avizinha”.

“Terei a oportunidade de reunir os grupos parlamentares e os partidos (…) para lhes apresentar o ponto da situação e as iniciativas de França”, anunciou ainda o Presidente.

Essa reunião terá lugar em “formato Saint-Denis”, nome da cidade onde Macron já manteve conversações com estes mesmos participantes, numa tentativa de encontrar consensos sobre várias questões domésticas e internacionais num cenário político fraturado.

Comentários
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  • Levados a sério
    19 fev, 2025 UE 16:28
    Ou seja mais uma data de reuniões da treta, de onde em termos práticos, não vai sair nada ou quase nada, pois estão à espera do OK de Trump e borrados de medo da Rússia. Talvez mandem meia-dúzia de tropas se os EUA se comprometerem a "zelar pela sua segurança"... E depois querem ser levados a sério e ter lugar à mesa das negociações ...

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