21 fev, 2025 - 22:41
Hadi Matar, que atacou o escritor Salman Rushdie com uma faca durante uma conferência literária no norte do estado de Nova Iorque, em agosto de 2022, foi esta sexta-feira considerado culpado de tentativa de homicídio em segundo grau e agressão.
O júri emitiu o veredicto depois de menos de duas horas de deliberações sobre um caso em que o autor de "Os Versículos Satânicos" sofreu 12 facadas em 27 segundos e sobreviveu "milagrosamente", segundo os médicos que o trataram.
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Matar, um libanês-americano de 27 anos que utilizou o direito de não testemunhar durante este julgamento que durou apenas sete sessões, enfrenta uma pena de até 25 anos de prisão.
Além disso, o jovem tem outro caso federal aberto no qual é acusado de crimes de terrorismo por supostamente ter fornecido ajuda material à milícia xiita libanesa Hezbollah.
A sentença contra Matar, com dupla nacionalidade americana e libanesa, será anunciada no dia 23 de abril.
Na sessão em tribunal, o escritor detalhou o momen(...)
Durante a última sessão deste julgamento realizada num tribunal do condado de Chautauqua, os advogados de Matar apresentaram os seus argumentos finais nos quais, segundo eles, o jovem criado no estado de Nova Jersey não procurou matar Rushdie com o ataque, o que teria implicado uma pena menor para o jovem.
O julgamento contou com o depoimento do escritor, que narrou detalhes daqueles trágicos 27 segundos em que "sentiu que estava a morrer", além de diversas testemunhas, polícias e médicos legistas.
O escritor anglo-americano de 77 anos foi uma testemunha chave na semana passada, quando partilhou com o júri como viveu um ataque - no qual foi esfaqueado no rosto, pescoço, peito e tronco - e os 17 dias que se seguiram num hospital da Pensilvânia, mais três semanas num centro de reabilitação de Nova Iorque.
Salman Rushdie perdeu o olho direito e sofreu danos permanentes nos nervos da mão, decorrentes deste esfaqueamento.
Nascido em Bombaim, em 1947, Salman Rushdie é autor de romances, contos para a juventude e ensaios, e recebeu em 1981 o Prémio Booker pelo livro "Os filhos da Meia-Noite".
O escritor incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação da obra "Versículos Satânicos", em 1988, que levou o fundador da República Islâmica, o aiatola Ruhollah Khomeini, a emitir uma "fatwa" a ordenar a sua morte.
Depois disso, passou anos escondido e com proteção policial, mas regressou gradualmente à vida pública depois de, em 1998, o governo iraniano se ter distanciado da ordem, afirmando que não apoiaria alguma tentativa de o matar, embora a "fatwa" nunca tenha sido oficialmente revogada.
O seu romance mais recente, "Cidade da Vitória", concluído um mês antes do atentado, foi lançado em 2023 e também está publicado em Portugal.