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EGITO

Descoberto novo túmulo de faraó ao fim de um século. Quem foi Tutmés II?

20 fev, 2025 - 23:22 • Vasco Bertrand Franco

Um achado "especial" num local onde ainda "há muito por descobrir", diz à Renascença Inês Torres, especialista em Egiptologia. Foi descoberto o túmulo de Tutmés II, o único que faltava da XVIII dinastia egípcia.

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Estávamos a 4 de novembro de 1922 quando Howard Carter descobriu o túmulo do faraó Tutancamon. Durante mais de 100 anos, não houve mais nenhuma descoberta de um túmulo real no Egito. Até esta semana.

O egiptólogo Piers Litherland e a sua equipa fizeram uma descoberta histórica ao encontrarem o túmulo do faraó Tutmés II, perto do Vale dos Reis, em Luxor. De acordo com a equipa, "a grandiosidade do local era evidente, com uma grande escadaria e um imponente corredor que indicava a entrada do túmulo real".

Esta descoberta foi também considerada "especial", porque se tratava do último túmulo por descobrir da XVIII dinastia egípcia.

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O local foi encontrado num “mau estado de preservação”, no entanto, "parte do teto ainda se encontra intacta", revelando um "teto pintado de azul com estrelas amarelas, algo que só se encontra em túmulos de reis".

À Renascença, a investigadora Inês Torres, especialista em Egiptologia, explica que este foi o primeiro túmulo de Tutmés II, que sofreu uma inundação cerca de seis anos após a sua morte. Essa situação pode explicar o seu mau estado de conservação. No entanto, há uma certeza: "após a inundação, há cerca de 3.500 anos, foi construído um segundo túmulo, que se acredita estar num melhor estado de preservação."

Inês Torres acrescenta ainda que o corpo mumificado de Tutmés II foi descoberto em 1881, no esconderijo de Deir el-Bahari, juntamente com várias outras múmias de faraós e membros da família real. Este esconderijo foi construído durante a XXI Dinastia (1070–945 antes de Cristo), um período de instabilidade em que os túmulos reais eram frequentemente saqueados. Para proteger os corpos, os sacerdotes transferiram diversas múmias para este local, incluindo a de Tutmés II.

Quem foi Tutmés II?

Pouco se sabe deste faraó, mas esta nova descoberta poderá ajudar a revelar mais informações nos próximos anos.

Sabe-se, no entanto, que ele era filho e meio-irmão de Tutmés I e pai de Tutmés III. O seu sucessor foi a sua esposa, Hatshepsut, que governou o Egito durante cerca de 20 anos, até Tutmés III assumir o trono.

A duração do reinado de Tutmés II não é consensual entre os especialistas, mas estima-se que tenha governado entre dois e 13 anos.

Acredita-se ainda que, logo no início do seu reinado, enfrentou uma rebelião na Núbia (atual Sudão), que conseguiu reprimir através de uma campanha militar.

As escavações no túmulo vão continuar por pelo menos mais dois anos, na esperança de revelar mais detalhes sobre o quarto faraó da XVIII Dinastia e, possivelmente, localizar o seu túmulo final.

"Há muito para descobrir no Vale dos Reis"

O Vale dos Reis, localizado na montanha de El-Qurn, em Luxor, é uma necrópole real onde foram sepultados vários faraós das XVIII, XIX e XX Dinastias (1539–1075 a.C.).

Todos os túmulos foram escavados na rocha da montanha para tentar esconder os tesouros dos faraós e protegê-los dos saqueadores.

A montanha, que tem uma forma semelhante a uma pirâmide natural, situa-se na margem ocidental do Nilo. Para os egípcios, o ocidente estava associado ao mundo dos mortos, uma vez que o deus Sol, Rá, nascia a oriente e "morria" a ocidente. Os templos mortuários foram também construídos no deserto, visto que esta paisagem árida estava simbolicamente ligada à morte.

O túmulo de Tutmés II foi descoberto numa parte mais distante do Vale dos Reis, onde foram também sepultadas várias esposas de Tutmés III.

Para a investigadora Inês Torres, ainda "há muito para descobrir no Vale dos Reis e em Luxor. Estamos a falar de mais de 3.000 anos de história".

Foi descoberto um novo túmulo real, mas, no meio de tantas dúvidas e questões, há uma certeza: os investigadores acreditam ter identificado um local provável para o túmulo secundário de Tutmés II, que pode ainda conter tesouros intocados.

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