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Guerra na Ucrânia

Encontro entre Trump e Putin é o "normalizar das relações" entre EUA e Rússia

22 fev, 2025 - 00:26 • Marisa Gonçalves

Possível reunião entre os presidentes em Moscovo, avançada esta sexta-feira por uma revista francesa, terá um forte caráter simbólico, acredita a especialista em ciência política e relações internacionais Lívia Franco.

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Um encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin em Moscovo a 9 de maio, data em que a Rússia celebra o Dia da Vitória da União Soviética na II Guerra Mundial, é um sinal do "normalizar das relações entre os dois países", acredita Lívia Franco, especialista em ciência política e relações internacionais.

Em declarações à Renascença sobre um possível encontro avançado pela revista francesa Le Point, a professora fala do forte caráter simbólico dado que, na mesma ocasião, Trump poderá estar ao lado dos líderes da China e da Coreia do Norte.

“Vai estar junto não só Vadimir Putin como todas de as altas autoridades russas, sobretudo militares, provavelmente também com Xi-Jinpig, o Presidente chinês e, quem sabe, do líder norte-coreano, e do Presidente iraniano. Ou seja, será uma companhia deveras peculiar para o Presidente dos Estados Unidos da América, que, obviamente é o líder do mundo ocidental”, declara.

Lívia Franco antevê também uma “inversão” do posicionamento estratégico norte-americano.

“Temos sinais de que, de facto, há a intenção de acabar com o isolamento da Rússia e normalizar as relações entre os dois países, embora não mais do que isso. Mas, eu diria que a presença do Presidente norte-americano em Moscovo permitirá, de facto, fazer outra leitura que me parece que, para a Europa em particular, é bastante preocupante”, aponta.

Por outro lado, a especialista em relações internacionais entende que a eventual presença de Trump em Moscovo significa uma posição alinhada com a narrativa de Moscovo sobre a desnazificação da Ucrânia.

“A guerra na Ucrânia começou uma invasão russa e nessa altura, uma boa parte da explicação e do enquadramento do início da invasão militar era, na perspetiva do Kremlin, de que se estava a desnazificar Kiev, precisamente fazendo ligação a esse desafio do nazismo e da nazificação que vinha desde o final da II Guerra Mundial. Portanto, se o Presidente americano estiver presente, na verdade, significa que está a legitimar toda essa narrativa e todo esse enquadramento que me parece bastante preocupante”, afirma à Renascença.

Esta sexta-feira, Trump considerou que a presença do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nas negociações de paz “não é muito importante”. Esta é uma posição considerada “absurda” pela professora Lívia Franco.

“Justificando-se com o facto de, nestes últimos três anos, o Presidente Zelensky não se quis sentar à mesa com o Presidente Putin e, portanto, não será agora, quando os Estados Unidos desbloqueiam [o conflito] que necessariamente ele tem de estar sentado. A narrativa é a mesma para a Europa no sentido em que os europeus, até agora, pouco fizeram no sentido da concretização da paz, isto na leitura do Presidente americano e, portanto, também não é importante que eles estejam nas negociações. Eu acho que é bastante absurdo estar-se a negociar o fim de uma guerra que dura há três anos, que precisamente acontece no território de um Estado e nenhum representante, nenhuma autoridade desse Estado estar presente”, defende.

Nos últimos dias, as tensões entre os Estados Unidos e a Ucrânia aumentaram. Donald Trump apelidou Volodymyr Zelensky de “ditador”, acusando-o de criar obstáculos a um acordo sobre exploração de terras raras. Em resposta, o Presidente ucraniano sugeriu que Donald Trump é uma vítima da "desinformação russa".

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