22 fev, 2025 - 16:27 • Guilherme Correia da Silva
"Queremos passar", diz uma condutora, aflita. "Há pessoas que têm de ir para o trabalho. Eu tenho de trabalhar."
A avenida, no centro de Bona, está bloqueada. Uma mão cheia de ativistas foi para o meio da estrada com uma faixa gigante, a pedir mudanças no setor dos transportes, com mais bicicletas e menos carros.
Por causa do bloqueio, formou-se uma fila na avenida. Dá para ver pelo menos uma dezena de carros.
Os condutores apitam, insistentemente, mas um dos ativistas não se deixa afetar e fala para um microfone: "Se não agirmos agora, se não fizermos nada, os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos vão odiar-nos."
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Faltam menos de 24 horas para as eleições federais na Alemanha. As alterações climáticas e o aquecimento global deixaram de ser a preocupação número um dos eleitores. Os alemães têm outros problemas em mente: a guerra na Europa, os vários ataques na Alemanha, nos últimos meses, a economia em retração, o aumento do custo de vida.
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O país está dividido. Os conservadores lideram as sondagens, com 29,5% das intenções de voto, e prometem "estabilidade em vez de caos". Mas logo a seguir está o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com cerca de 21%, o dobro do que conseguiu nas últimas eleições.
Algumas ruas mais à frente encontramos um militante do SPD, o partido do chanceler Olaf Scholz, a distribuir panfletos aos passantes. Perguntamos-lhe se acha que o partido vai ficar em terceiro lugar, como mostram as sondagens? E porquê tamanha queda desde a vitória nas últimas eleições, em 2021?
"Tivemos muitas crises nos últimos anos", responde. "Tivemos a guerra na Ucrânia, e receámos não ter energia para aquecer as nossas casas; tivemos também a pandemia. Mas eu acho que lidámos bem com essas crises. Só que as pessoas têm muito medo da mudança, com a guerra, os refugiados… que despertam medos existenciais."
Esses são motivos que levam muitos eleitores a escolher a AfD - para acabar com a guerra dialogando com Putin e reforçar os controlos nas fronteiras alemãs. É o que o partido promete.
Este sábado, houve, porém, novos protestos contra o crescimento da extrema-direita na Alemanha, incluindo em Hamburgo, Hannover e na capital, Berlim.
Eleições na Alemanha
Ao longo do percurso pela Friedrichstrasse, foram (...)
Os analistas dizem que a alta polarização da sociedade poderá fazer com que mais eleitores votem neste domingo. Mas o que inquieta muitas pessoas é o seguinte: Quem será eleito? E com quem se poderá coligar? Será que conseguirá sarar as divisões no país?