23 fev, 2025 - 17:01 • Ana Kotowicz , Guilherme Correia da Silva (correspondente na Alemanha)
(Em atualização)
"Vencemos esta eleição." Friedrich Merz, o mais que provável futuro chanceler da Alemanha, saudou a vitória dos conservadores na eleições deste domingo, pouco depois de serem conhecidas as primeiras projeções à boca das urnas -- e que confirmaram um resultado que há muito se adivinhava.
A projeção da ARD, televisão estatal alemão, deu a vitória à União Democrata-Cristã/União Social-Cristã (CDU/CSU), fazendo do advogado milionário o vencedor das eleições deste domingo.
Os resultados da sondagem da ARD:
Se Merz foi rápido a reagir aos resultados, o mesmo aconteceu com Alice Weidel, que conseguiu um resultado histórico para o partido de extrema-direita AfD e ficou com a segunda melhor representação no parlamento alemão.
Também Olaf Scholz teve um resultado histórico, só que mau: estas eleições atiraram o partido do atual chanceler para terceiro lugar, e para o pior resultado em mais de um século.
"O que tenho a dizer aos nossos eleitores é obrigado por depositarem a sua confiança em nós -- e em mim pessoalmente --, pois sei o que isso significa em termos de responsabilidade", disse o líder dos Democratas Cristãos (CDU), que precisa de reunir apoios para formar governo.
Merz disse saber "a dimensão do trabalho" que tem pela frente, sublinhando que quer formar uma coligação para governar a Alemanha o mais rapidamente possível. "O mundo exterior não vai esperar por nós."
Horas mais tarde, repetiu o que disse na campanha: não está disponível para acordos com a AfD de Weidel.
"Temos opiniões diferentes sobre a política externa, a política de segurança e a NATO. Podem estender-nos a mão o quanto quiserem, mas não vamos cair numa política errada, querem o posto do que nós", disse num curto debate televisivo com os candidatos dos outros partidos. "Não vou pôr em causa o legado de 75 anos da União Democrata-Cristã (CDU) só por causa de uma autointitulada Alternativa para a Alemanha."
Já o partido de extrema-direita Alternative für Deutschland (AfD) quase dobra o seu resultado de 2021, subindo de 10,4% para 20%, ficando como o segundo mais votado, valor nunca antes alcançado.
"Nunca fomos tão fortes a nível nacional", disse Alice Weidel, que falava na sede do partido em Berlim. “Queriam cortar os nossos números para metade e o que aconteceu foi o oposto”, acrescentou, deixando claro o que espera do futuro: terá “sempre uma mão aberta para se envolver numa coligação no governo alemão”.
No entanto, Merz tem dito sempre que não está disponível para fazer parcerias com a AfD.
Abaixo da AfD, fica o SPD de Olaf Scholz, com 16%. “É uma derrota” e tem "sabor amargo", admitiu o ainda chanceler alemão, face àquela que pode ser a pior votação do partido em mais de 130 anos. “O resultado é fraco e sou responsável por este resultado eleitoral. Quero dizê-lo claramente.”
Além dos seus resultados, Scholz falou também do crescimento da extrema-direita. “Que um partido como a AfD consiga este tipo de resultado na Alemanha é algo que não podemos aceitar. Eu não vou aceitar.” E, em seguida, reafirmou o compromisso do seu partido de nunca se unir à extrema-direita.
“O SPD está determinado em não cooperar com a AfD e espero que os outros partidos mantenham o mesmo compromisso”, disse Scholz, num recado claro a Merz.
Mais tarde, já num painel de discussão dos resultados, Scholz pôs de lado fazer parte de um futuro governo: "Não serei representante do SPD num governo federal liderado pela CDU, nem o negociarei."
Sem assento parlamentar, segundo esta projeção, ficam os liberais do FDP e a Aliança Sahra Wagenknecht, já que não chegam aos 5%.