25 fev, 2025 - 13:35 • Liliana Monteiro , João Malheiro
Azeredo Lopes considera que se Portugal for chamado a participar numa força europeia fará um bom trabalho, embora seja prematura levantar já essa questão.
À Renascença, o antigo ministro da Defesa refere que "cada vez que Portugal foi chamado a assumir responsabilidades através da representação internacional das suas forças, foi brilhante".
"Todos os palcos, fosse em Timor, Líbano, Afeganistão, Kosovo, República Centro Africana nós passámos sempre com elevada distinção. Mas o envio de tropas ainda vai muito no adro", aponta.
Azeredo Lopes diz, desde já, que qualquer força de manutenção de paz deveria estar sob alçada das Nações Unidas, para ter um mandato e um expectativa "de manutenção da paz, respeitada pelas duas partes". E qualquer força terá de ser sempre de comum acordo entre Ucrânia e Rússia.
"Muita vezes se tem discutido a necessidade de forças para linha da frente e isso é um erro. Não se pode aceitar o envolvimento em combate, a força tem de ser aceite pelas duas partes sem estar numa situação de imposição da paz, envolvidas em combate contra as forças russas", defende.
Já o tenente-general Marco Serronha, também ouvido pela Renascença, acredita que uma participação portuguesa, a avançar, "será sempre entre uma força de escalão de uma companhia com 200 militares e um batalhão até 350 militares".
A integração numa futura força europeia poderá ser feita, não só por via terrestre e do exército, mas igualmente por via aérea e naval, porque há capacidade para isso, explica o tenente-coronel.
E acrescenta "nós já temos uma unidade na Roménia, colocada na sequência da reorganização do dispositivo da Nato, com viaturas blindadas Pandur, e essa força foi num contexto de protecção do flanco leste da Aliança Atlântica e no limite, se não houver outras capacidades, seria de equacionar redireccionar essa força para essa operação".
Por seu lado, o almirante Melo Gomes (ex Chefe de Estado Maior da Armada) refere, à Renascença, que há um pensamento que deve preceder qualquer decisão de criação e envio de forças europeias para a Ucrânia: "se a existência de uma força de interposição na Ucrânia pressupõe a aceitação de um acordo que já terá existido entre a administração americana e a federação russa. Não sei se deveremos fazer essa aceitação".
Quanto à definição da participação portuguesa, está nas mãos do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.
"Não tenhamos tentação de repetir a história em relação ao que aconteceu na Primeira Guerra Mundial com o Milagre de Tancos", referindo-se a 1917, quando, em três meses ,foi possível transformar o polígono militar de Tancos numa estrutura capaz de treinar 20 mil soldados para lutarem na Flandres ao lado dos Aliados.
O Corpo Expedicionário Português partiu para a frente europeia da Grande Guerra e quase dois anos de batalhas deixariam cerca de 40% de baixas entre mortos, feridos e estropiados.