25 fev, 2025 - 13:17 • Cristina Nascimento com Lusa
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está preocupada com os riscos de saúde física e mental que os jovens europeus enfrentam.
Na apresentação do relatório 2024, a OMS Europa alerta para um número crescente de problemas de saúde dos jovens, por exemplo, ao nível do consumo de cigarros eletrónicos, apontando que quase um quarto dos adolescentes (23%) fumam este tipo de tabaco.
Já ao nível da saúde mental, a OMS alerta para uma “crise crescente”, em que a situação das raparigas é genericamente pior que a dos rapazes, mas, por exemplo, o suicídio afeta mais os homens do que as mulheres.
“As redes sociais, o assédio online e a dependência digital afetam cada vez mais o bem-estar dos jovens e, se nada for feito, a próxima geração enfrentará não só um elevado risco de doenças crónicas, mas também uma crise crescente de saúde mental”, referiu o diretor da OMS Europa Hans Kluge.
Questionado pela Renascença se se deve apostar em leis mais restritivas que dificultem o acesso dos jovens ao mundo digital, a especialista da OMS em saúde pública Natasha Muscat defende uma “solução integrada” que envolva os jovens e os pais, lembrando que as ferramentas digitais também “são benéficas” para muitos.
Outros indicadores da OMS apontam para problemas também entre os mais idosos. Segundo Hans Kluge, quase metade dos idosos europeus com problemas de saúde e dificuldades de autonomia não conseguem ter a ajuda que precisam.
As mulheres vivem em média até quase aos 80 anos e os homens até aos 73 anos, mas a última década de vida é com pouca qualidade de saúde, refere o documento.
A OMS alerta ainda que uma em cada seis pessoas morre antes dos 70 anos devido a doenças cardiovasculares, cancro, diabetes ou doenças respiratórias crónicas, com a região europeia a apresentar ainda o maior consumo de álcool do mundo, com uma média de 8,8 litros de álcool puro por adulto por ano, enquanto o consumo de tabaco continua a ser "inaceitavelmente elevado", com 25,3%.
A OMS revelou ainda que apenas sete Estados-membros, incluindo Portugal, alcançaram uma cobertura vacinal igual ou superior a 95% contra algumas doenças, por exemplo, sarampo ou tétano.
Os responsáveis da OMS concluem que “a desinformação está a contribuir para o regresso de doenças que já deviam ter ficado para trás”.
A OMS alertou ainda que os sistemas de saúde não estão suficientemente preparados para futuras emergências sanitárias, numa altura em que o impacto das alterações climáticas na saúde está a tornar-se cada vez mais significativo, apontando o exemplo das mais de 61 mil mortes relacionadas com ondas de calor em 2022.
Já ao nível dos profissionais de saúde, a OMS salienta que quase todos os países enfrentam uma "crise na força de trabalho", devido à escassez e má distribuição pelos diferentes setores que prestam cuidados.
"A crescente procura de serviços de saúde está a superar a oferta de profissionais de saúde e isto é agravado pelas reformas iminentes e pela migração de profissionais de saúde de países de baixo para alto rendimento", refere a OMS, apontando o exemplo dos 30% de médicos da Europa que estão com mais de 55 anos.