01 mar, 2025 - 07:44 • Redação com Reuters
A milícia curda do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, declarou um cessar-fogo imediato, este sábado, avança a Reuters, que cita uma agência de notícias afiliada do grupo.
A decisão surge em resposta ao apelo do líder preso Abdullah Ocalan para o desarmamento, num passo importante para pôr fim a um conflito iniciado contra o Estado turco há mais de 40 anos.
Na quinta-feira, Ocalan instou o PKK a depor as armas e a dissolver-se, uma medida a que o Governo do Presidente Tayyip Erdogan e o partido de oposição pró-curdo DEM manifestaram apoio.
Se for bem sucedido, o movimento poderá ter implicações abrangentes para a região, ao mesmo tempo que põe fim a um conflito que matou mais de 40 mil pessoas.
O grupo agora sediado nas montanhas do norte do Iraque disse numa declaração que esperava que Ancara libertasse Ocalan, mantido em isolamento quase total desde 1999, para que este pudesse liderar um processo de desarmamento, acrescentando que as condições políticas e democráticas necessárias precisam de ser estabelecidas para que o processo sucesso.
"Nós, como PKK, concordamos plenamente com o conteúdo do apelo e declaramos que, da nossa parte, iremos atender às necessidades do apelo e implementá-lo", disse o grupo, de acordo com a agência de notícias Firat.
"Além disso, questões como a deposição de armas só podem ser postas em prática sob a liderança prática do Líder Apo", disse o grupo, usando o seu apelido para Ocalan, acrescentando que interromperia todas as hostilidades imediatamente, a menos que fosse atacado.
O partido DEM pediu ao governo na sexta-feira que tomasse medidas no sentido da democratização, dizendo que a sua resposta era fundamental. O Governo disse que não iria negociar com o PKK e que todas as milícias curdas, incluindo as do Iraque e da Síria, devem depor as armas.
Embora tenham recebido o apelo de Ocalan como positivo, as Forças Democráticas Sírias (SDF), aliadas aos EUA, que Ancara considera uma extensão do PKK, disseram que o apelo não se lhes aplica.
Ancara tem apelado repetidamente ao braço armado das FDS para desarmar desde a queda do presidente sírio, Bashar al-Assad, no ano passado, alertando que, caso contrário, enfrentaria ações militares.
O apelo de Ocalan, motivado por uma proposta surpresa em Outubro de um aliado ultranacionalista de Erdogan, foi bem recebido pelos Estados Unidos, pela União Europeia e outros aliados ocidentais, bem como pelos vizinhos da Turquia, do Iraque e do Irão.