05 mar, 2025 - 09:09 • André Rodrigues
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel considera que é “prematuro” fazer cenários futuros quanto à paz na Ucrânia, mas reconhece que o discurso de Donald Trump no Congresso dos Estados Unidos, aludindo à prontidão, tanto Ucrânia, como da Rússia para a paz "é um desenvolvimento positivo".
Recordando o despique verbal entre Trump, Vance e Zelensky, o chefe da diplomacia portuguesa garante que nunca esteve em causa a reposição da normalidade, apesar de parecer um “grande revés em todo o processo”.
“Eu próprio falei nesse dia à noite com o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, que me disse que a porta para uma reaproximação continuava aberta e que ainda havia possibilidades de acordo a ser assinado”, revela à Renascença.
Isso mesmo foi objeto de discussão, também na Cimeira de Londres, onde Zelensky recebeu vários sinais de que a vontade europeia passaria pela reaproximação a Washington, o que pode ter sido decisivo para esta mudança de posição do Presidente ucraniano em tão poucos dias.
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"O secretário-geral da NATO, Mark Rutte instou o Presidente Zelensky a dar esse sinal; o mesmo fez o primeiro-ministro Starmer e, também o Presidente Macron”.
Apesar de otimista, Rangel diz que “não podemos fazer futurologia” sobre um processo de paz que “está agora mesmo a ter início”, mas admite que “talvez estejam criadas as condições para as negociações começarem”.
Se a paz entre Kiev e Moscovo for alcançada, isso “obrigará a que haja um entendimento sobre a forma como a União Europeia e outros países que não são membros da União Europeia - mas que estão alinhados nos nossos valores - terão com a Federação Russa”. Mas tudo irá depender de como vai decorrer todo o processo “e se ele vai ter sucesso”.
Questionado sobre a urgência da estratégia de rearmamento da Europa, perante sinais de otimismo quanto a um possível cenário de paz na Ucrânia.
Paulo Rangel lembra que este “foi um processo que por múltiplas razões foi sendo adiado, mas agora existe uma oportunidade única de avançar”.
No limite, o ministro dos Negócios Estrangeiros vê neste futuro reforço da capacidade militar e de defesa europeia, conjugado com uma nova perspetiva de paz para a Ucrânia, um “fator positivo no desenlace das negociações quanto à guerra que foi desencadeada pela invasão da Ucrânia e, também, na relação transatlântica”.
“É um processo para estimular e evidentemente acelerar, como, aliás, foi dito pelo presidente von der Leyen”, conclui.