06 mar, 2025 - 22:25 • Miguel Marques Ribeiro com Lusa
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou esta quinta-feira uma ordem executiva que adia a aplicação a México e Canadá das novas tarifas de 25%.
A extensão, que se aplica apenas a produtos abrangidos pelo Acordo de Livre Comércio Canadá-Estados Unidos-México (USMA), será válida até 2 de abril e inclui uma redução das taxas alfandegárias impostas ao potássio, de 25% para 10%, um produto essencial para a agricultura americana.
No entanto, cerca de 62% das importações do Canadá ainda devem ter que enfrentar as novas tarifas porque não estão em conformidade com o USMCA, de acordo fonte da Casa Branca citada pela agência Associated Press (AP), que falou sob a condição de anonimato.
Metade das importações do México, que não estão em conformidade com a USCMA, também serão taxadas de acordo com as ordens assinadas por Trump, frisou a mesma fonte.
O líder republicano anunciou a sua decisão depois de ter falado esta manhã com a sua homóloga mexicana, Claudia Sheinbaum.
O anúncio surge horas depois de o secretário do Comércio, Howard Lutnick, ter dito que as tarifas sobre o Canadá e o México "provavelmente" seriam adiadas, sendo o segundo adiamento de um mês que o Presidente norte-americano anuncia desde que decidiu a aplicação destas taxas.
Sheinbaum já reagiu ao anúncio de Trump, saudando a decisão do líder norte-americano e elogiando a capacidade de colaboração entre os dois países com "resultados sem precedentes".
Canadá
Em resposta à novas tarifas impostas por Donald Tr(...)
A presidente do México acrescentou que os dois governos continuarão a trabalhar em conjunto "particularmente nas questões de migração e segurança, que incluem a redução do fluxo ilegal de fentanil para os Estados Unidos, bem como o fluxo de armas para o México".
Relativamente ao fim do período de suspensão, Lutnick sublinhou que as tarifas recíprocas, em que os Estados Unidos aplicam impostos de importação nos países que cobram tarifas sobre as exportações dos EUA, ainda serão implementadas a 2 de abril.
Os mercados dos EUA recuperaram dos seus mínimos do dia logo após o discurso de Lutnick.
Tal como a sua homóloga mexicana, o primeiro-ministro canadiano já saudou a decisão. Prevê, no entanto, que as tarifas regressarão em breve à agenda norte-americana.
"Posso confirmar que continuaremos a estar envolvidos numa guerra comercial lançada pelos Estados Unidos num futuro próximo", afirmou esta quinta-feira o primeiro-ministro canadiano numa conferência de imprensa em Otava, um dia após uma conversa telefónica de 50 minutos "colorida mas construtiva" com o Presidente norte-americano, Donald Trump.
EUA
Numa conversa telefónica com o primeiro-ministro d(...)
Trudeau sublinhou que os líderes dos dois países estão "ativamente empenhados em manter conversações contínuas para tentar garantir que estas tarifas não prejudiquem excessivamente" determinados setores e trabalhadores.
Apesar da decisão de Trump, as tarifas retaliativas iniciais do Canadá contra os EUA vão manter-se em vigor por enquanto, adiantou um alto funcionário do governo canadiano, que falou sob condição de anonimato, citado pela AP.
As tarifas retaliativas iniciais do Canadá, no valor de 30 mil milhões de dólares canadianos (21 mil milhões de dólares), foram aplicadas a artigos como sumo de laranja norte-americano, manteiga de amendoim, café, eletrodomésticos, calçado, cosméticos, motociclos e certos produtos de celulose e papel.
Apesar das afirmações de Trump de que os EUA não precisam do Canadá, quase um quarto do petróleo que os EUA consomem por dia provém do Canadá.
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Um Golfo do México que mudou de nome, um plano par(...)
O Canadá é também o maior fornecedor estrangeiro de aço, alumínio e urânio para os EUA e tem 34 minerais e metais essenciais pelos quais o Pentágono está ansioso e a investir para a segurança nacional.
O Canadá é o principal destino de exportação para 36 estados dos EUA. Quase 2,7 mil milhões de dólares canadianos (3,6 mil milhões de dólares) em bens e serviços canadianos atravessam a fronteira todos os dias.
A Casa Branca insiste que as suas tarifas visam impedir o contrabando de fentanil, mas os impostos propostos por Trump causaram uma ferida aberta na parceria comercial norte-americana de décadas, e o Canadá sentiu-se obrigado a tomar rapidamente medidas agressivas.
Os planos tarifários de Trump também fizeram afundar o mercado bolsista e alarmaram os consumidores norte-americanos.
Além das suas alegações sobre o fentanil, Trump insistiu que as tarifas poderiam ser resolvidas através da correção do défice comercial e enfatizou, a partir da Sala Oval, que ainda planeia impor tarifas recíprocas a partir de 2 de abril.
Trump destacou que não pretende prolongar a isenção da tarifa de 25% para os automóveis, anunciada esta quarta-feira, por mais um mês.