08 mar, 2025 - 21:04 • Lusa
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, disse este sábado que não aceita as exigências dos países que insistem em negociar, um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado que lhe tinha enviado uma carta a pedir diálogo.
"A insistência de alguns governos abusivos em encetar negociações não tem como objetivo resolver problemas, mas sim impor o seu domínio e impor as suas exigências", disse Khamenei, no que foi entendido como uma resposta aos apelos de Donald Trump para negociações.
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"A República Islâmica do Irão não aceitará as suas exigências", acrescentou a principal autoridade política e religiosa do Irão, numa reunião em Teerão com altos funcionários do Governo iraniano.
Khamenei criticou também o que apelidou de "duplicidade de critérios" do Ocidente e afirmou que os princípios ocidentais são contrários aos princípios islâmicos.
"Não podemos seguir os princípios da civilização ocidental em matéria política e económica", afirmou.
Os comentários de Khamenei surgem um dia depois de Trump ter anunciado que enviou uma carta ao Irão a pedir negociações sobre um acordo nuclear.
"Temos uma situação com o Irão e algo vai acontecer muito em breve, muito, muito em breve", disse Trump aos jornalistas na Sala Oval, na sexta-feira, acrescentando que faltam apenas "os últimos retoques" para chegar a um acordo e que "vão ser dias interessantes".
O Presidente norte-americano insistiu que prefere "um acordo de paz à outra (opção militar)", algo que já tinha afirmado anteriormente, e garantiu que Washington não pode "permitir que eles tenham uma arma nuclear", referindo-se ao Irão.
Após o seu regresso ao poder, Trump voltou a impôr a chamada política de "pressão máxima" contra o Irão e aprovou novas sanções para cortar a venda de petróleo iraniano.
Khamenei, por seu turno, já tinha rejeitado a possibilidade de negociar, considerando que falar com Washington "não é sensato, não é inteligente e não é honroso".
A mais alta autoridade religiosa recordou que, em 2018, Trump abandonou o pacto nuclear de 2015, assinado entre o Irão e seis potências, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções.
Após a saída dos Estados Unidos da América do acordo nuclear, o Irão está a enriquecer urânio muito acima do nível permitido e já tem 274 quilogramas enriquecidos a 60% de pureza, perto de 90% para uso militar, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).