13 mar, 2025 - 17:03 • Redação
Foi adiada a missão de resgate aos dois astronautas presos na Estação Espacial Internacional (EEI) há nove meses, devido a um problema de última hora com a plataforma de descolagem, segundo comunicado da SpaceX. Derrol Nail, comentador do lançamento, referiu que, apesar da falha, a nave continua bem.
A NASA anunciou, em comunicado, que uma nova tentativa de lançamento foi agendada para esta sexta-feira. Será levada para a Estação Espacial Internacional uma nova equipa para substituir os dois astronautas, permitindo o seu regresso.
O adiamento da missão acontece menos de um mês após a promessa de Elon Musk de usar da SpaceX para resgatar os astronautas na estação espacial.
Barry “Butch” Wilmore e Sunita Williams preparavam-se para uma estadia de oito dias na Estação Espacial Internacional. No entanto, problemas ocorridos no lançamento da nave espacial Starliner, que os transportava, levou a que o regresso fosse considerado de alto risco. Deste modo, o regresso dos astronautas foi adiado e a nave Starliner regressou à Terra sem tripulantes.
Presos no espaço, Wilmore e Williams ficaram encarregados de fazer trabalho de pesquisa e manutenção na estação espacial durante os nove meses que se seguiram.
À agência Reuters, Suni Wiliams tenta desdramatizar um pouco a situação. “Tem sido uma montanha russa para eles [a família], provavelmente um pouco mais para eles do que para nós. Nós estamos aqui, temos uma missão - estamos apenas a fazer o que fazemos diariamente e todos os dias é interessante, porque estamos no espaço e divertimos-nos muito”, conta.
Butch Wilmore, de 61 anos, foi um capitão da Marinha americana. Desde 2000 que é astronauta da NASA, tendo vivido 178 dias no espaço.
É a sua terceira missão na Estação Espacial Internacional. Em 2014, fez parte da Expedição 41 com o objetivo de explorar meteoritos e investigar as alterações provocadas pelo espaço aos músculos e ossos do corpo humano. Na missão, realizou três caminhadas espaciais.
Sunita Williams, de 58 anos, é astronauta da NASA desde 1998 e a segunda mulher astronauta que mais tempo caminhou no espaço.
Participou de duas expedições, em finais de 2006 e em 2012, e já viveu 332 dias em órbita. Tal como Butch, passou pela Marinha, tendo-se tornado aviadora naval em 1998 e participado em missões no mar Mediterrâneo, no Mar Vermelho e no Golfo Pérsico.
A operação de resgate dos astronautas já sofreu vários adiamentos. Para os trazer de volta, chegou a ser equacionada a criação de um módulo, mais tarde rejeitado. Foi também proposto concertar a Starliner, a nave que os deixou na Estação Espacial Internacional, porém o receio de novos problemas levou a que essa possibilidade fosse posta de parte.
A alternativa foi apanharem boleia da Crew 9, no voo que os levaria para casa. No entanto, tal só poderia acontecer após a chegada da Crew 10, que sofreu adiamentos, com a data atual prevista para esta sexta-feira.
O corpo humano não está preparado para lidar com as condições do espaço. As viagens ao espaço provocam uma série de alterações físicas e psicológicas, principalmente em exposição prolongada, segundo Afshin Beheshti, diretor do Centro para a Biomedicina no Espaço na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.
A exposição à radiação do espaço pode levar a danos no ADN, ao aumento no risco de cancro, problemas cardiovasculares, a um sistema imunitário desregulado e a efeitos neurodegenerativos.
Já a falta de gravidade leva a que os fluidos do corpo subam, resultando em inchaços e no aumento da pressão intracraniana. Também os músculos e ossos sofrem com atrofia muscular e perda de densidade óssea.
No regresso à Terra, os astronautas podem sentir dificuldade em manter-se equilibrados por conta de problemas nos ouvidos e a pressão arterial pode ficar desregulada.
A nível psicológico, Afshin Beheshti refere que o longo período de confinamento num espaço fechado pode causar stress psicológico, perturbações no sono, mudanças de estado de espírito e quedas na performance cognitiva.