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Depois de nove meses à espera no espaço, nova equipa chega para resgatar astronautas

16 mar, 2025 - 12:12 • Redação com Lusa

Butch Wilmore e Suni Williams vão tentar regressar à Terra após substituição da equipa na Estação Espacial Internacional.

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Uma nova equipa de astronautas entrou este domingo na Estação Espacial Internacional (ISS) para resgatar os colegas retidos há mais de nove meses, de acordo com imagens transmitidas em direto. As imagens mostram os astronautas que chegaram a bordo da nave Crew Dragon da SpaceX a abraçar a dupla que tem estado retida.

Butch Wilmore e Suni Williams estão retidos a bordo da ISS desde junho passado, na sequência de falhas na nave espacial Boeing Starliner que os transportava. A nave, que estava a fazer o seu primeiro voo tripulado, sofreu problemas de propulsão e foi considerada incapaz de os fazer regressar à Terra.

O que inicialmente se previa ser uma viagem de alguns dias durou mais de nove meses para Wilmore e Williams, período bem mais longo do que as habituais rotações de seis meses dos astronautas a bordo da ISS. O regresso poderá ter início na próxima quarta-feira, alguns dias após a chegada da nova tripulação.

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A estadia dos dois astronautas é mais curta do que o recorde espacial norte-americano de 371 dias, estabelecido pelo astronauta da NASA Frank Rubio, a bordo da ISS em 2023, ou o recorde mundial do cosmonauta russo Valeri Polyakov, que passou 437 dias consecutivos a bordo da estação espacial Mir.

O que aconteceu?

Barry “Butch” Wilmore e Sunita Williams preparavam-se para uma estadia de oito dias na Estação Espacial Internacional. No entanto, problemas ocorridos no lançamento da nave espacial Starliner, que os transportava, levou a que o regresso fosse considerado de alto risco. Deste modo, o regresso dos astronautas foi adiado e a nave Starliner regressou à Terra sem tripulantes.

Presos no espaço, Wilmore e Williams ficaram encarregados de fazer trabalho de pesquisa e manutenção na estação espacial durante os nove meses que se seguiram.

À agência Reuters, Suni Wiliams tenta desdramatizar um pouco a situação. “Tem sido uma montanha russa para eles [a família], provavelmente um pouco mais para eles do que para nós. Nós estamos aqui, temos uma missão - estamos apenas a fazer o que fazemos diariamente e todos os dias é interessante, porque estamos no espaço e divertimos-nos muito”, conta.

Quem são os astronautas?

Butch Wilmore, de 61 anos, foi um capitão da Marinha americana. Desde 2000 que é astronauta da NASA, tendo vivido 178 dias no espaço.

É a sua terceira missão na Estação Espacial Internacional. Em 2014, fez parte da Expedição 41 com o objetivo de explorar meteoritos e investigar as alterações provocadas pelo espaço aos músculos e ossos do corpo humano. Na missão, realizou três caminhadas espaciais.

Sunita Williams, de 58 anos, é astronauta da NASA desde 1998 e a segunda mulher astronauta que mais tempo caminhou no espaço.

Participou de duas expedições, em finais de 2006 e em 2012, e já viveu 332 dias em órbita. Tal como Butch, passou pela Marinha, tendo-se tornado aviadora naval em 1998 e participado em missões no mar Mediterrâneo, no Mar Vermelho e no Golfo Pérsico.

O resgate já foi adiado antes?

A operação de resgate dos astronautas já sofreu vários adiamentos. Para os trazer de volta, chegou a ser equacionada a criação de um módulo, mais tarde rejeitado. Foi também proposto concertar a Starliner, a nave que os deixou na Estação Espacial Internacional, porém o receio de novos problemas levou a que essa possibilidade fosse posta de parte.

A alternativa foi apanharem boleia da Crew 9, no voo que os levaria para casa. No entanto, tal só poderia acontecer após a chegada da Crew 10, que sofreu adiamentos, com a data atual prevista para esta sexta-feira.

O que acontece ao corpo ao fim de muito tempo no espaço?

O corpo humano não está preparado para lidar com as condições do espaço. As viagens ao espaço provocam uma série de alterações físicas e psicológicas, principalmente em exposição prolongada, segundo Afshin Beheshti, diretor do Centro para a Biomedicina no Espaço na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

A exposição à radiação do espaço pode levar a danos no ADN, ao aumento no risco de cancro, problemas cardiovasculares, a um sistema imunitário desregulado e a efeitos neurodegenerativos.

Já a falta de gravidade leva a que os fluidos do corpo subam, resultando em inchaços e no aumento da pressão intracraniana. Também os músculos e ossos sofrem com atrofia muscular e perda de densidade óssea.

No regresso à Terra, os astronautas podem sentir dificuldade em manter-se equilibrados por conta de problemas nos ouvidos e a pressão arterial pode ficar desregulada.

A nível psicológico, Afshin Beheshti refere que o longo período de confinamento num espaço fechado pode causar stress psicológico, perturbações no sono, mudanças de estado de espírito e quedas na performance cognitiva.

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