17 mar, 2025 - 04:15 • Lusa
O Governo da Sérvia negou que as forças de segurança tenham usado uma arma sónica de nível militar para atingir e dispersar manifestantes contra a corrupção e contra o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, na capital.
No domingo, Vucic pediu às autoridades judiciais que respondam à alegação de "que foram utilizados canhões sonoros durante os protestos", referiu a emissora estatal RTS.
"Estou a pedir (...) ao Ministério da Justiça e ao Ministério Público que reajam, seja para processar aqueles que usaram [armas sónicas], e sabemos que não o fizeram, mas vamos verificar", disse o Presidente.
"Que haja um processo, mas depois também devem processar aqueles que tornaram pública uma mentira tão notória", acrescentou o chefe de Estado.
Dirigentes da oposição e grupos de defesa dos direitos humanos sérvios alegaram que armas acústicas, amplamente proibidas, que emitem um feixe direcionado para incapacitar temporariamente as pessoas, foram utilizada durante o protesto de sábado.
Estes grupos prometeram apresentar ações no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e nos tribunais nacionais contra aqueles que ordenaram o ataque.
Mais de 100 mil pessoas juntaram-se em Belgrado, no culminar de uma série de protestos desde o acidente ocorrido na estação de Novi Sad, a 01 de novembro, que matou 15 pessoas, quando a cobertura de betão do edifício recentemente renovado se desmoronou, tem havido manifestações sucessivas no país.
O protesto de sábado encheu as ruas do centro da capital e, segundo a polícia, no pico do protesto terão estado cerca de 107 mil pessoas, embora os 'media' independentes sérvios tenham dito que o número foi superior.
Na sequência de incidentes isolados entre manifestantes e a polícia, vários estudantes universitários -- que têm liderado os protestos nos últimos quatro meses -- declararam o fim da manifestação, por considerarem que não estavam garantidas as condições de segurança.
Vídeos do protesto mostram pessoas de pé durante 15 minutos de silêncio pelo desastre de novembro, quando de repente foi ouvido um som sibilante que desencadeou imediatamente o pânico e uma breve debandada.
Especialistas militares dizem que aqueles que estão expostos a uma arma sónica sentem fortes dores de ouvido, desorientação e pânico. A exposição prolongada pode provocar roturas do tímpano e danos auditivos irreversíveis.
As manifestações diárias tornaram-se mais tensas desde que o Governo acusou os manifestantes de serem pagos por agências estrangeiras e de prepararem ações violentas ou mesmo uma revolução.
A Organização das Nações Unidas apelou às autoridades sérvias para que não interferissem indevidamente nas manifestações e respeitassem o pleno exercício dos direitos à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de expressão.