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Telefonema Washington-Moscovo

Putin jogará com carácter errático de Trump, admite antigo embaixador na Rússia

17 mar, 2025 - 19:47 • Pedro Mesquita

"A pressa não está do lado russo" e, mais do que comprometer-se com cedências de peso, Putin quererá resolver - para começar - a situação de Kursk, onde as tropas russas têm conquistado terreno. É esta a expectativa que Mário Godinho de Matos - antigo embaixador de Portugal em Moscovo - deposita na conversa, por telefone, que Donald Trump e Vladimir Putin vão ter esta terça-feira.

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SEG MARIO GODINHO DE MATOS 18H
Oiça a entrevista. Trump e Putin vão falar telefonicamente no dia 18 de março de 2025. Montagem: Miguel Marques Ribeiro Fotos: Pete Marovich/Pool/ABACAPRESS.COM e Sputnik/Alexei Druzhinin/Kremlin via REUTERS.

É já nas próximas horas, Donald Trump e Vladimir Putin vão negociar, ao telefone, um cessar-fogo para a Ucrânia... e o mundo espera que seja uma chamada com muitos impulsos para a paz.

Na prática, o presidente norte-americano vai tentar convencer o presidente russo - um velho conhecido - a interromper a invasão. Kiev já deu luz verde às condições apresentadas por Washington. E Moscovo? O que se deverá esperar de Putin? O embaixador Mário Godinho de Matos sublinha duas ideias-chave: "Putin jogará com o carácter do presidente Trump". E "não há pressa nenhuma da parte russa".

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Sr. Embaixador, há muito que um telefonema entre Washington e Moscovo não era aguardado com tanta expectativa...

Vamos ver o que é que resulta dessa célebre chamada telefónica. Enfim, as posições do Presidente Putin são conhecidas, são posições maximalistas para um processo negocial que, depois, há de ter os próximos passos, mas provavelmente não andarão muito longe das questões territoriais, das sanções e da NATO, não é? Agora, vamos ver quais são as cedências que a parte russa está na disposição de fazer, porque neste momento está com uma iniciativa no terreno, está a ter ganhos territoriais. A guerra está-lhe a correr de feição (à Rússia) e isso, obviamente, irá repercutir-se depois, também, na mesa das negociações.

A guerra está a correr de feição à Rússia - Embaixador Mário Godinho

Ou seja, está a admitir que, a existirem cedências por parte da Rússia, serão diminutas?

É muito difícil arriscar neste momento qualquer tipo de prognóstico...

Ainda assim, o mundo deve confiar em Putin, naquilo que o presidente russo vier a ceder?

Bom, ele tem uma relação, como todos sabemos, de grande intimidade com o Presidente Trump. E eu estou convencido que, enfim, a partir do momento em que alguma coisa esteja acordada com a parte americana (...) porque os russos sempre disseram, desde o princípio, que negoceiam é com os americanos. É aquela ideia da superpotência, não é? E posso estar errado, mas penso que a partir do momento em que ele chegue a acordo, em alguma coisa, com o presidente americano, em princípio não haverá grandes desvios.

Qual poderá ser a estratégia de Vladimir Putin nesta chamada perante Trump? Eu pergunto-lhe isto porque Putin já anda nisto há muito tempo e conhece bem a personalidade de Donald Trump...que quer a todo custo garantir um cessar-fogo.

Sim, o presidente Putin jogará um pouco com aquilo que conhece do caráter do presidente Trump, que - como nós todos temos visto - é algo errático, não é?

A pressa neste momento não está do lado russo - Embaixador Mário Godinho

Mas em que sentido? Ganhar tempo?

Sim. O que se nota da parte russa é que não há pressa nenhuma. Porquê? Porque isto também reflete um pouco a situação no terreno, não é? Parece que a situação em Kursk que é muito complicada para a parte ucraniana e, eventualmente, Putin quer resolver primeiro a questão de Kursk e depois, então, avançar para alguma fase mais elaborada do processo. Portanto eu arriscaria dizer que sim, que a pressa neste momento não está do lado russo.

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