18 mar, 2025 - 11:01 • André Rodrigues
O ataque surpresa de Israel à Faixa de Gaza pode ter acabado “definitivamente” com o cessar-fogo que possibilitou a libertação de reféns dos ataques de outubro de 2023, admite na Renascença o coordenador do Observatório de Risco Geopolítico da Porto Business School, Jorge Rodrigues.
“Com as condições que estavam, [acabou] definitivamente. Israel não vê motivos para negociar, porque tem a capacidade de ir ao encontro dos objetivos maximalistas que tinha desde o início: derrotar o Hamas militarmente - e a verdade é que já lhe tirou a capacidade de combate; controlar a região, o que já é efetivo, e deixar bem claro a sua luta existencial; finalmente, controlar o Irão e os seus proxys”, detalha Jorge Rodrigues.
Já sobre a libertação dos reféns, que agora surge como exigência de Benjamin Netanyahu para acabar com a operação militar em Gaza, este especialista considera que “essa era uma questão que [Netanyahu] tinha de gerir a nível interno, mas, sabia-se desde o início, não seria a sua prioridade”.
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Na leitura de Jorge Rodrigues, o primeiro-ministro israelita pretende agora “explorar o sucesso, algo que não será conseguido com um acordo de paz que não respeita todos os seus interesses primários”.
No entanto, “o Hamas tem cartas para jogar”, adverte o professor da Porto Business School, que também lembra que “os Estados Unidos serão sempre um definidor concreto do que se pode vir a passar”, porque “podem impor a cessação de hostilidades”.
“Mas não me parece que haja essas condições, por agora, até porque o Hamas também não cumpriu exatamente a sua parte do acordo”, sublinha Jorge Rodrigues.
“Há questões que, desde o início, percebemos que iriam ser muito complexas… Se não fossem devidamente negociadas desde o primeiro momento - nunca foram e nunca houve essa intenção - rapidamente se percebia que a direção que se seguia era neste final complexo”, remata.