19 mar, 2025 - 20:20 • Fábio Monteiro com Reuters
A polícia turca deteve, esta quarta-feira, o presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, político visto como o principal rival de Tayyip Erdogan nas próximas eleições presidenciais, sob acusações de corrupção e auxílio a um grupo terrorista.
Segundo a "Reuters", Imamoglu, de 54 anos, estava prestes a ser anunciado como candidato oficial do Partido Republicano do Povo (CHP) à presidência nos próximos dias.
Em comunicado, o CHP classifica a detenção como "um golpe contra o nosso próximo presidente".
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
Numa carta, partilhada nas redes sociais, o autarca detido escreve que os turcos responderão às "mentiras, conspirações e armadilhas" contra ele.
Embora as autoridades tenham proibido temporariamente manifestações e a polícia tenha encerrado algumas ruas de Istambul, centenas de pessoas reuniram-se junto à esquadra e entoaram: "O dia chegará em que o AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) de Erdogan prestará contas".
O líder do CHP, Ozgur Ozel, já veio a público garantir que o partido avançaria com a nomeação de Imamoglu como candidato presidencial no domingo, independentemente da situação.
"A Turquia está a passar por um golpe contra o próximo presidente. Estamos perante uma tentativa de golpe", disse.
O ministro da Justiça, Yilmaz Tunc, alertou contra qualquer tentativa de associar Erdogan à detenção de Imamoglu ou a outros processos legais.
As próximas eleições presidenciais na Turquia estão marcadas para 2028, mas Erdogan já cumpriu o seu limite de dois mandatos como presidente, depois de anteriormente ter servido como primeiro-ministro.
Se quiser candidatar-se novamente, terá de convocar eleições antecipadas ou alterar a Constituição.
Erdogan, de 71 anos, sofreu a sua pior derrota eleitoral nas eleições municipais do ano passado, quando o CHP conquistou as principais cidades da Turquia e derrotou o seu partido, o AKP, em bastiões tradicionais.
O governo turco nega as acusações da oposição e insiste que o sistema judicial é independente.