21 mar, 2025 - 12:33 • Marta Pedreira Mixão
O livro de memórias de Gisèle Pelicot, "Um Hino à Vida", deverá ser publicado no início do próximo ano.
A história de Gisèle Pelicot correu o mundo depois de ter renunciado ao seu direito ao anonimato no julgamento em que o seu ex-marido foi acusado (e considerado culpado) de a ter drogado e violado, durante quase uma década, e de ter convidado dezenas de desconhecidos para abusarem dela.
Pelicot tornou-se um ícone feminista ao recusar um julgamento à porta fechada e agora contará a sua história.
De acordo com a editora The Bodley Head, citada pelo britânico "The Guardian", o livro "Um Hino à Vida", que deverá ser publicado a 27 de janeiro de 2026, oferecerá "consolo e esperança, e contribuirá positivamente para mudar a conversa sobre a vergonha e para mudar o mundo".
Pelicot disse-se "imensamente grata pelo extraordinário apoio" que recebeu desde o início do processo e revela que quer contar a sua história pelas suas "próprias palavras".
"Através deste livro, espero transmitir uma mensagem de força e coragem a todos aqueles que estão sujeitos a provações difíceis. Que nunca sintam vergonha. E que, com o tempo, possam até aprender a saborear a vida novamente e encontrar a paz", afirma.
O ex-marido de Gisèle, Dominique Pelicot, foi condenado a 20 anos e não recorreu da sentença. Cinquenta outros homens - com idades entre os 27 e os 74 anos -foram condenados por violação, tentativa de violação ou agressão sexual depois de Dominique os ter contactado online convidando-os a violar a sua mulher. As penas variam entre os três anos de prisão e os 20 anos.
Também a filha de Gisèle Pelicot, Caroline Darian, apresentou queixa contra o pai, acusando-o de violação, tentativa de violação e agressão sexual.
Darian publicou um livro de memórias intitulado "E Deixei de Te Chamar Papá", que foi lançado em Portugal pela editora Guerra e Paz em fevereiro.
"Assim que o livro foi publicado, recebi muitos testemunhos e disse a mim mesma que tinha verdadeiramente de ajudar, de continuar o combate para contar a verdade e dar voz às vítimas que ainda hoje são invisíveis em França", afirmou Darian, referindo que é esse o objetivo da sua associação #Mendorspas ("Não Adormeça", em português), criada há cerca de dois anos.