22 mar, 2025 - 14:48 • Lusa
A Venezuela anunciou este sábado que acordou com os Estados Unidos retomar os voos de repatriamento de migrantes a partir deste domingo, depois de ter denunciado um bloqueio do Departamento de Estado norte-americano às operações de deportação.
"A Venezuela informa que, no âmbito do Plano Vuelta a la Patria, e com o propósito do regresso dos nossos compatriotas à sua nação com a proteção dos seus direitos humanos, concordamos em retomar com o Governo dos EUA o repatriamento dos migrantes venezuelanos", disse o representante venezuelano nas negociações com Washington, Jorge Rodríguez, num comunicado publicado no Instagram.
O primeiro voo está marcado para este domingo e acontecerá depois de Washington ter enviado para El Salvador mais de 200 migrantes venezuelanos, detidos pelas alegadas ligações com a organização criminosa Tren de Aragua.
Rodríguez insistiu que "migrar não é crime" e que a Venezuela não descansará até conseguir o regresso de "todos aqueles que o necessitam" e até "resgatar" os seus compatriotas que permanecem, como denunciou Caracas, "sequestrados em El Salvador".
Na quinta-feira, o também presidente do Parlamento denunciou que o Departamento de Estado norte-americano estava a "bloquear" e "impedir" voos de repatriamento para a Venezuela.
Um grupo de 311 migrantes venezuelanos regressou na quinta-feira ao seu país num voo de repatriamento da estatal Conviasa, do México, conforme informou nesse dia o ministro do Interior, Diosdado Cabello.
No total, 919 venezuelanos regressaram ao país em cinco voos desde fevereiro passado, altura em que foram repatriados inicialmente 190, 176 que se encontravam na base militar norte-americana de Guantánamo e mais recentemente 242, também do México, segundo dados oficiais.
Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Donald Trump, cujo principal tema é a imigração, retirou o estatuto de proteção temporária contra a deportação de que beneficiavam aproximadamente 600.000 venezuelanos devido à crise económica e de segurança no seu país.
Mais de 7,8 milhões de venezuelanos emigraram na última década, segundo a ONU. Parte destes estão nos Estados Unidos.