24 mar, 2025 - 07:17 • Isabel Pacheco , Jaime Dantas
O responsável pelo Observatório do risco geopolítico da Porto Business School, Jorge Rodrigues, critica o modelo de negociações com vista à paz na Ucrânia.
As equipas diplomáticas da Rússia e da Ucrânia reunem-se esta segunda-feira, na Arábia Saudita, com representantes dos Estados Unidos da América.
Em declarações à Renascença, Jorge Rodrigues alerta que as intenções norte americanas são "desfavoráveis à Ucrânia".
"Há um grande esforço por parte da Rússia em retardar as negociações, teria que ser um negociador forte a conseguir a conseguir impor esses resultados. As intenções dos Estados Unidos podem ser o problema, porque são desfavoráveis à Ucrânia, deixando-a numa posição particularmente frágil e à mercê das vantagens competitivas", lamenta.
O especialista considera que é improvável que os dois países em conflito se sentem à mesa de negociações sem intermediação dos norte-americanos, uma vez que a estratégia de Putin passa por "não reconhecer o governo ucraniano como legítimo".
"Pode colocar-se, eventualmente, essa situação num período pós-Zelensky ou se houver uma evolução favorável aos russos", diz, no entanto.
Perante este cenário, ainda que reconheça o papel dos Estados Unidos, "a União Europeia deve ser mais capaz de influênciar as decisões no terreno" de forma a "marcar a sua posição", defende o académico.
"A UE deve aumentar o apoio e não reduzir. Parece um pouco atrasada, mas tem sempre a capacidade de recuperar nos próximos anos", sublinha.
Os resultados das negociações deverão ficar pelo "cessar fogo limitado às infraestruturas de energia" e ao mar negro "para que as rotas comerciais fluam", conclui Jorge Rodrigues.