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Lula diz que Trump "não é o xerife do mundo" e ameaça tarifas recíprocas do Brasil

27 mar, 2025 - 07:32 • Lusa

Lula da Silva disse em conferência que o Brasil tem "duas decisões a tomar" em resposta às tarifas de 25% que entraram em vigor este mês: a primeira é recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e, se isso não funcionar, "recorrer a outras ferramentas".

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O Presidente brasileiro, Lula da Silva, criticou esta quinta-feira o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, que "não é o xerife do mundo", segundo Lula, ameaçando reagir com "reciprocidade" às tarifas dos EUA sobre as importações de aço brasileiro.

Numa conferência de imprensa esta quinta-feira em Tóquio, durante a sua visita de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil tem "duas decisões a tomar" em resposta às tarifas de 25% que entraram em vigor este mês: a primeira é recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e, se isso não funcionar, "recorrer a outras ferramentas".

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Lula mencionou especificamente a opção de "aumentar as tarifas sobre os produtos americanos" importados pelo Brasil, o que definiu como "pôr em prática a lei da reciprocidade".

"O que não podemos fazer é ficar calados, achando que só eles podem impor tarifas", disse.

"Estou muito preocupado com a política do Governo americano por causa dessas tarifas sobre todos os produtos de todos os países", disse ainda Lula à imprensa em Tóquio, no final da sua visita, quando questionado sobre as novas tarifas de 25% sobre todos os automóveis importados pelos EUA a partir de 02 de abril, anunciadas na véspera por Trump.

"Estou preocupado porque o livre comércio é que está a ser prejudicado, porque o multilateralismo está a ser derrotado, e estou preocupado porque o Presidente americano não é o xerife do mundo, é apenas o Presidente dos Estados Unidos", sublinhou o líder de esquerda.

Em vez de impor "medidas unilaterais", Lula considera que seria mais adequado "conversar com outros líderes" para chegar a acordo sobre políticas de preços benéficas para todas as partes.

"Sinceramente, não sei qual é o benefício de aumentar em 25% as tarifas sobre os carros comprados no Japão", disse o líder brasileiro sobre o país asiático, um dos mais atingidos pelas novas medidas comerciais dos Estados Unidos, dado o peso da sua indústria automóvel.

"A única coisa que isso vai fazer é tornar os carros mais caros para os consumidores americanos e aumentar a inflação", disse Lula, que também apontou o risco de os preços mais altos levarem a uma contração económica.

Lula chegou ao Japão na segunda-feira para uma visita de Estado de quatro dias, que termina esta quinta-feira, antes de seguir para o Vietname, onde deverá encontrar-se com o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, e com o Presidente vietnamita, Luong Cuong, a partir de sexta-feira.

Numa cimeira realizada na véspera com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, os dois líderes concordaram em lançar iniciativas conjuntas de descarbonização e reforçar os laços comerciais, com um futuro acordo de comércio livre entre o país asiático e o Mercosul no horizonte e no atual contexto de guerra comercial e negacionismo climático.

Durante a visita, o Presidente brasileiro sublinhou a mensagem de que a democracia, o comércio livre e o multilateralismo estão em perigo a nível mundial perante o aumento do protecionismo, do autoritarismo e da "nova guerra fria" entre os Estados Unidos e a China.

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