26 mar, 2025 - 18:56 • Fábio Monteiro com Reuters
O editor da revista “The Atlantic”, Jeffrey Goldberg, tornou públicas, esta quarta-feira, novas mensagens que recebeu num grupo – onde foi adicionado por engano – da aplicação Signal, no qual foi discutido, planeado e executado um ataque aéreo dos Estados Unidos da América contra os Houthis no Iémen.
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A divulgação destas mensagens acontece depois de a Casa Branca ter negado a veracidade do incidente.
Numa publicação na rede social X, o conselheiro de segurança nacional Mike Waltz afirmou: “Sem localizações. Sem fontes nem métodos. Sem planos de guerra.”
As mensagens divulgadas por Goldberg, todavia, contradizem o governante.
A 15 de Março, dia em que os EUA lançaram um ataque aéreo contra os Houthis no Iémen, a troca de mensagens no grupo tornou-se operacional.
Numa das primeiras entradas, às 11h44 (hora de Washington), Peter Hegseth escreveu: “Hora atual (11h44): As condições meteorológicas são FAVORÁVEIS. Acabo de CONFIRMAR com o CENTCOM — temos LUZ VERDE para o início da missão.”
O secretário da Defesa detalhou o plano ao minuto, incluindo o lançamento de caças F-18, drones de ataque MQ-9 e mísseis Tomahawk.
Às 14h15, indicou: “Drones de ataque nos alvos (É NESTE MOMENTO QUE AS PRIMEIRAS BOMBAS VÃO DEFINITIVAMENTE CAIR, salvo ataque anterior baseado em alvos de oportunidade).”
Privacidade
Altos responsáveis do governo dos EUA utilizaram o(...)
As mensagens revelam que os ataques foram seguidos em tempo real pelo grupo. Às 13h48, Waltz escreveu: “VP. O edifício colapsou. Houve várias identificações positivas. Pete, Kurilla, a comunidade de inteligência — trabalho incrível.”
Mais tarde corrigiu: “Escrevi depressa demais. O primeiro alvo — o principal responsável pelos mísseis — foi identificado a entrar no edifício da [onde mora a] namorada e o edifício colapsou.”
O vice-presidente JD Vance respondeu apenas: “Excelente.”
Minutos depois, o director da CIA, John Ratcliffe, escreveu: “Bom começo.” Ao que Waltz respondeu com emojis de punho cerrado, bandeira dos EUA e chamas.
Goldberg só se apercebeu da gravidade da situação quando as mensagens passaram a conter instruções militares. Nunca foi removido do grupo, nem advertido quanto à confidencialidade da conversa.
“Não se tratou de uma fuga de informação tradicional, mas sim de um erro de inclusão num grupo privado onde se conduzia uma operação militar em tempo real”, escreveu o jornalista.