28 mar, 2025 - 10:51 • André Rodrigues
“Estava a ser um dia normal, quando, de repente, o prédio começou a abanar violentamente”. O relato é feito à Renascença por Sara Alexandre, uma portuguesa que trabalha como bibliotecária num colégio de Banguecoque.
O sismo de 7.7 na escala de Richter em Myanmar, apanhou a Tailândia de surpresa: “os tailandeses não estão muito habituados a sismos e muito menos com esta magnitude”, conta.
Passavam 20 minutos da uma da tarde em Banguecoque, 06h20 em Portugal, quando Sara estava no local de trabalho e “começaram a cair livros... O nosso edifício tem muito vidro, portanto a prioridade foi evacuar o mais depressa possível”.
Duas mil pessoas retiradas de emergência de uma escola “em minutos… foi bastante assustador, principalmente para as crianças”.
Horas depois do susto, Sara Alexandre reconhece que, “para o que podia ter sido, até correu bastante bem”, embora.
As próximas horas prometem ser difíceis, no mínimo. Pouco antes das 10h00 em Portugal, 17h00 na Tailândia, as temperaturas rondavam os 36 graus, “com uma sensação térmica de 38 a 40”. O principal problema: “a falta de água e no meu local de trabalho havia muita gente desidratada”.
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Outro problema é perceber onde é que milhares de tailandeses poderão passar a próxima noite. Os arranha-céus de Banguecoque são zonas interditas ou, pelo menos, não recomendadas, dado a sucessão de réplicas que pode pôr em risco a integridade das infraestruturas que já sofreram o impacto do primeiro abalo.
Sara Alexandre é uma dessas pessoas. Vive no 34º andar de um prédio na capital tailandesa e não sabe quando poderá voltar a casa. “Felizmente, temos uma boa rede de estrangeiros e eu estou em contacto com colegas meus com quem deverei passar a próxima noite, porque eles vivem num segundo andar”.
E amanhã? “Amanhã, logo se vê”.
As primeiras imagens da tragédia na Tailândia mostram o colapso de um prédio no norte da capital, “perto de um mercado muito famoso internacionalmente o Chatuchak Market, que tinha cerca de 300 trabalhadores lá dentro”, diz à Renascença Joni Oliveira.
Às primeiras horas da manhã desta sexta-feira, este português a cerca de 200 quilómetros de Banguecoque dava conta das primeiras “imagens de pessoas debaixo dos destroços”.
“Tenho alguns amigos tailandeses que tinham amigos engenheiros de construção civil a trabalhar lá… a grua partiu e um deles caiu de 18 metros de altura”, acrescenta.
A Tailândia é um país pouco acostumado a eventos com este grau de destruição. As imagens valem muito mais do que todas as palavras. As notificações WhatsApp deste português radicado há quase 10 anos na Tailândia não param: “neste exato momento estão a circular centenas de fotos e vídeos de... prédios de 20, 30 andares completamente destroçados”.