30 mar, 2025 - 12:28 • Lusa
A Comissão Europeia está preparada para responder de forma bem equilibrada a qualquer medida dos EUA contra os interesses económicos da União Europeia (UE), mas a sua prioridade é procurar uma solução negociada, declarou este domingo o porta-voz da Comissão Europeia para o Comércio, Olof Gill.
O Executivo europeu, que é responsável pela política comercial da UE, está a preparar "uma resposta firme, proporcional, forte, bem equilibrada e atempada a quaisquer medidas injustas e contraproducentes dos Estados Unidos", afirmou o porta-voz.
Esta mensagem da Comissão, transmitida por Gill, surge antes da taxa alfandegária de 25% imposta pelos Estados Unidos às importações de automóveis entrar em vigor em 2 de abril.
Não existe uma data específica para Bruxelas implementar as primeiras contramedidas em resposta às tarifas dos Estados Unidos de 25% sobre o alumínio e o aço europeus, já em vigor, nem sobre os automóveis europeus, ou em relação as potenciais "tarifas recíprocas" ainda por anunciar pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, visando países que ativaram taxas alfandegárias sobre bens e serviços dos Estados Unidos.
Assim, o porta-voz do Comércio da UE não especificou quando chegará a possível resposta da UE, mas sublinhou que será "oportuna, enérgica, bem equilibrada e terá o impacto esperado".
O Presidente norte-americano, Donald Trump, chegou a chamar ao IVA de uma taxa alfandegária, algo que Gill considerou "absurdo".
O que Bruxelas decidiu foi "alinhar" os prazos e "coordenar" o calendário para as contramedidas. Por isso, em 01 de abril, "nada vai acontecer", esclareceu Gill.
A Comissão Europeia tinha inicialmente definido esta data para começar a implementar tarifas graduais sobre as importações de produtos dos EUA avaliadas em 26 mil milhões de euros em resposta às taxas dos EUA sobre as exportações de aço e alumínio europeus. Na terça-feira, deveria ser aplicada uma tarifa a produtos no valor de 4,5 mil milhões de euros e, até 13 de abril, a mais 18 mil milhões de euros.
Em relação à lista final de produtos dos EUA para os quais a UE irá propor contramedidas em resposta às tarifas de Washington, Gill observou simplesmente que será "bem escolhida para criar o máximo impacto nos EUA e minimizar a repercussão na economia europeia".
"É uma escolha que teremos de fazer de forma muito criteriosa e cuidadosa", enfatizou Gill, após uma consulta com as partes interessadas e os Estados-Membros.
A prioridade da UE é encontrar "uma solução negociada que funcione para ambas as partes" e que "fortaleça" a relação comercial e económica entre os Estados Unidos e a UE, "que é a mais valiosa e importante do mundo", acrescentou o porta-voz da Comissão Europeia.
Convencidos de que as medidas anunciadas pelos Estados Unidos estão a ir "completamente no sentido errado", pois não fazem "bem a ninguém", o bloco europeu quer "reforçar" a relação comercial e económica entre Washington e Bruxelas, e não "destruí-la", diz Gill.
Entretanto, até agora, os esforços para dissuadir Trump não produziram resultados. O comissário do Comércio europeu, Maros Sefcovic, já se deslocou a Washington por duas vezes desde que o republicano regressou à Casa Branca, em 20 de janeiro.