31 mar, 2025 - 21:31 • Lusa
A enviada especial da ONU para Myanmar pediu esta segunda-feira um cessar imediato das hostilidades para ajudar as vítimas do forte terramoto que abalou a região e já causou mais de 2.000 mortos.
"Continuar as operações militares em áreas afetadas por desastres eleva o risco de uma maior perda de vidas" e prejudica as operações de socorro, disse Julie Bishop, em comunicado.
A enviada especial condenou qualquer forma de violência e apelou a todas as partes no conflito para que cessem imediatamente as hostilidades e concentrem os esforços na proteção de civis, incluindo trabalhadores humanitários, e na entrega de assistência vital.
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Bishop afirmou que o terramoto "agravou muito uma situação já terrível" em Myanmar (antiga Birmânia), frisando que muitas vítimas ainda não puderam ser alcançadas.
"O acesso seguro e desimpedido às populações e áreas afetadas deve ser fornecido por todos os canais e atores disponíveis, de acordo com os princípios humanitários internacionais e independentemente do controlo territorial. Os socorristas comunitários --- muitos a operar em áreas de difícil acesso --- vão desempenhar um papel fundamental nos próximos dias", indicou.
A enviada da ONU fez ainda saber que vai regressar à região "muito em breve" para defender uma "resposta coerente, inclusiva e baseada em princípios" às consequências do terramoto e às crescentes implicações regionais da crise política.
No sábado, o Governo de Unidade Nacional, que luta contra a Junta Militar, no poder, e controla zonas de Myanmar, declarou uma trégua de duas semanas para facilitar o envio de ajuda, mas relatou que as forças da junta continuam a atacar áreas rebeldes.
Desde o sismo, o exército birmanês realizou 11 bombardeamentos em várias regiões do país, tendo causado pelo menos 10 mortos, indicou o Governo de Unidade Nacional.
O balanço provisório de vítimas do terramoto em Myanmar aumentou para 2.056 mortos e mais de 3.900 feridos, anunciou a Junta Militar.
Um porta-voz dos militares no poder disse que 270 pessoas continuavam desaparecidas, três dias após o terramoto de magnitude 7,7, que também atingiu a Tailândia.
Myanmar está mergulhado num conflito e numa crise económica desde o golpe militar de 2021, o que está a piorar o acesso e a distribuição de ajuda humanitária.