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Multiculturalidade

Espanha declara 2025 como o Ano do Povo Cigano

07 abr, 2025 - 13:50 • Lusa

As celebrações coincidem com os 600 anos da presença do povo cigano na Península Ibérica. Governo espanhol diz querer "combater as desigualdadesque ainda persistem".

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Espanha declarou 2025 como o Ano do Povo Cigano, para reconhecer "a perseguição e discriminação" de que a comunidade tem sido alvo, mas também "a pegada cultural, social e linguística" na sociedade espanhola.

A escolha de 2025 como Ano do Povo Cigano em Espanha, apadrinhado pelo chefe de Estado, Felipe VI, coincide com os 600 anos da presença dos ciganos na Península Ibérica, documentada num salvo-conduto assinado em 1425 pelo rei Afonso V do então Reino de Aragão.

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As celebrações arrancaram formalmente no domingo, com um espetáculo de flamenco no Museu do Prado, em Madrid, a que se segue um encontro esta segunda-feira, no Palácio da Moncloa, a sede do Governo de Espanha, de "representantes do povo cigano em Espanha" com o primeiro-ministro, Pedro Sánchez.

Para terça-feira, 08 de abril, Dia Internacional do Povo Cigano, está prevista uma cerimónia inédita no Congresso dos Deputados, o parlamento espanhol, presidido pelos reis de Espanha, Felipe VI e Letizia, de homenagem e reconhecimento ao povo cigano.

Trata-se de "um importante reconhecimento das instituições tanto quanto ao passado como para o futuro", com um "impacto muito relevante para as pessoas ciganas" de Espanha, disse a diretora-geral da Fundação Secretariado Cigano, Sara Giménez, num encontro com jornalistas da imprensa estrangeira em Madrid, incluindo a agência Lusa.

Para a Fundação Secretariado Cigano, a maior organização não-governamental europeia de promoção da inclusão e dos direitos humanos das pessoas ciganas, estes foram, sobretudo, 600 anos de "uma história dura de perseguição", com tentativas de abolição da cultura e das comunidades ciganas em Espanha, incluindo com legislação discriminatória, até 1978, quando a atual Constituição entrou em vigor e foi formalmente instituída de novo da democracia no país.

Este Ano do Povo Cigano em Espanha pretende também, segundo Sara Giménez, "comemorar e dar a conhecer a realidade" das comunidades ciganas, que não têm o reconhecimento do contributo que deram e continuam a dar à sociedade e à cultura espanhola.

Falta reconhecimento, mas também "conhecimento de verdade" da história e da cultura do povo cigano em Espanha, para além de clichés ou do folclórico, defendeu Sara Giménez, que criticou, as lacunas sobre esta matéria nos currículos escolares no país.

Há, em relação aos ciganos, um "imaginário espanhol" em que "os clichés perduram" e em que a maioria dos membros da comunidade, estimada em entre um milhão e 1,3 milhões de pessoas, "é invisível".

Neste 600.º aniversário da presença documentada do povo cigano na Península Ibérica, "os grande desafios pendentes" são, assim, ainda, "a luta por uma igualdade real e a luta contra o "anticiganismo", estando em causa a minoria que continua a ser a mais discriminada na Europa e também em Espanha, realçou Sara Giménez.

"As desigualdades são muito grandes e, em alguns aspetos, esmagadoras", afirmou, dando como exemplos as maiores dificuldades o acesso à habitação ou o fracasso, abandono e segregação escolar.

Na declaração de 2025 como Ano do Povo Cigano em Espanha, o Governo espanhol realçou "a exclusão, a perseguição e a discriminação" de que foi e continua a ser alvo a comunidade no país, mas também "a pegada cultural, social e linguística" que tem na sociedade.

Para o Governo de Espanha, as celebrações de 2025 são uma oportunidade para reconhecer "as injustiças históricas e atuais que enfrenta o povo cigano" e denunciar as "barreiras significativas" que tem em áreas como a educação, o emprego ou a habitação.

O executivo reconhece, no mesmo texto, que as pessoas ciganas continuam a ser alvo de "discriminação estrutural e preconceitos" que lhes limitam as oportunidades e perpetuam a exclusão social e económica da comunidade.

Neste contexto, o Governo diz que assinalar os 600 anos do povo cigano na Península Ibérica é um ato de memória histórica e um compromisso institucional para "combater as desigualdades que ainda persistem".

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