07 abr, 2025 - 15:40 • João Malheiro
Mais de dez mil anos depois da sua extinção, os lobos pré-históricos foram clonados com sucesso. Pode parecer uma narrativa de ficção científica, mas é mesmo real.
A empresa de biotecnologia Colossal conseguiu fazer crescer três crias desta espécie pré-histórica — também conhecida como "lobo-terrível". Romulus e Remus são dois machos com seis meses de idade e Khaleesi é uma fêmea de dois meses.
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Segundo a TIME, os mais velhos medem quase 1,22 metros e pesam mais de 36 quilos. Se tudo correr bem, estes espécimes devem crescer até quase aos dois metros e pesar cerca de 68 quilos.
Os nomes são bastante simbólicos. Romulus e Remus são os nomes dos irmãos que fundaram a cidade de Roma depois de, segundo a lenda, serem salvos e alimentados por uma loba. Khaleesi é uma das alcunhas de Daenerys Targaryen, uma das protagonistas do mundo de fantasia de Guerra dos Tronos.
Apesar de estar mais associada aos dragões, lobos míticos grandes, inspirados pelos verdadeiros pré-históricos, são o principal símbolo da casa Stark, criada pelo autor George RR Martin.
Como é que foi possível? Os cientistas da empresa norte-americana utilizaram duas amostras antigas de ADN desta espécie de lobo pré-histórico. Uma veio de um dente com mais de 13 mil anos e a outra foi recolhida de uma caveira com cerca de 72 mil anos.
Depois, os genomas foram cruzados com o ADN do lobo-cinzento e cadelas comuns serviram de "barrigas de aluguer" para fazer nascer as três crias. Romulus, Remus e Khaleesi nasceram em três partos distintos que decorreram entre o final de 2024 e o início de 2025. É um processo mais complexo e distinto da clonagem tradicional de espécies não-extintas.
Os lobos pré-históricos eram uma espécie que existiu durante milhões de anos, mas desapareceram há cerca de dez mil anos e foram dados como extintos. É um parente distante, ligeiramente maior e mais robusto, do lobo-cinzento.
Este não é o primeiro animal que a Colossal cria. Há um mês, a empresa criou um rato geneticamente modificado que se assemelha ao mamute. Trata-se do primeiro “rato felpudo”, produzido em laboratório para apresentar características de mamute, nomeadamente a densidade do pelo e a habilidade de resistir ao frio.
O objetivo final da empresa é mesmo utilizar o genoma do elefante para fazer "renascer" o mamute, até ao final da década. É uma ideia ambiciosa da organização fundada em 2021 pelo multmilionário Ben Lamm e que conta com cerca de 130 cientistas dedicados a fazer frente ao problema da extinção de espécies.
O regresso da famosa ave dodó, extinta no século XVII, cerca de cem anos após a sua descoberta, é outro dos planos de longo-prazo da Colossal.
Alguns especialistas esperam que o sucesso das mudanças genéticas possa contribuir para a preservação de espécies à medida que o clima se altera, ajudando os animais a sobreviver em climas mais frios ou mais quentes.
Cientistas britânicos dizem que a nova experiência é uma boa oportunidade para testar ideias acerca de espécies extintas, mas alertam para os problemas éticos que daí podem surgir.
Ciência
Cientistas norte-americanos criam um rato com cara(...)