08 abr, 2025 - 17:00 • Redação, com Reuters
Conhecidas marcas de roupa, calçado e acessórios dos Estados Unidos da América estão a atrasar as encomendas e a congelar contratações antes da entrada em vigor, na quarta-feira, das tarifas sobre os produtos do Vietname e da China.
Empresas como a Nike e a Lululemon enfrentam uma escolha difícil: ou compensam o custo das tarifas aumentando os preços em 40% - potencialmente reduzindo as vendas – ou absorvem o aumento dos custos e reduzem ainda mais as margens de lucro.
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Ao contrário dos seus maiores rivais, as pequenas empresas não dispõem de vastas cadeias de fornecedores, o que as torna altamente dependentes do Vietname e da China.
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Ian Rosenberger, CEO da Daily Owl, viu-se obrigado a suspender futuras encomendas. A empresa nasceu há seis anos em Nova Iorque e produz mochilas no Vietname. A menos que haja um acordo para reduzir significativamente as tarifas, Rosenberger prevê o fecho em 30 dias.
“Os danos já são suficientemente significativos para constituírem uma ameaça existencial”, afirmou Rosenberger, acrescentando que os sete trabalhadores da empresa têm perguntado se devem preparar-se para o desemprego.
O CEO da Daily Owl disse que as tarifas farão aumentar o imposto alfandegário de 5 para 22 dólares. Como consequência, o preço da mochila topo de gama da marca subiria de 155 para 212 dólares.
Já a Footwear Distributors and Retailers of America (Distribuidores e Retalhistas de Calçado da América), que inclui marcas como a Nike, Walmart, Sketchers e Deckers, calculou que um par de ténis de corrida de 155 dólares, fabricado no Vietname, teria de ser vendido a 220 dólares para compensar as tarifas de 46%.
O Vietname desenvolveu fábricas especializadas que produzem de tudo, desde os ténis de corrida mais avançados até fatos de treino. É o segundo maior fornecedor de roupa e calçado dos Estados Unidos da América, a seguir à China, um importante centro de fabrico para a Nike e a Adidas.
O Vietname pediu o adiamento da imposição de tarifas 45 dias e disse estar disposto a comprar mais produtos norte-americanos, depois de, na sexta-feira Donald Trump e o líder vietnamita, To Lam, terem acordado discutir a possível remoção das taxas.
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As ações da Nike caíram 14% desde 2 de abril, dia em que Trump anunciou as tarifas. Já as ações da Adidas diminuíram 16%, as da Puma ,18%, e as da VF Corp, empresa-mãe da North Face, 31%.
As grandes empresas trabalham com fábricas de todo mundo, o que lhes dá algum poder de negociação para dividir os custos das tarifas com os fornecedores. O porta-voz da VF Corp, por exemplo, diz que a empresa é “bastante diversificada” em toda a cadeia de produção, sendo capaz de gerir as tarifas.
Por outro lado, pequenas empresas como a Oiselle, uma marca de vestuário e calçado de desporto para mulheres com sede em Seattle, Washington, têm menos capacidade para absorver os custos e menos recursos para planear alternativas.
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Arielle Knuston, CEO da Oiselle, pediu aos 14 trabalhadores a tempo inteiro da empresa para definirem dois ou três planos de contingência para as tarifas.
A Oiselle, que adquire leggins e tops de desporto do Vietname, atrasou as encomendas da primavera de 2026, que, por norma, seriam enviadas por esta altura.
A marca de vestuário exterior Wild Rye, sediada em Ketchum, Idaho, adquire casacos de ski e outras peças de roupa de desporto a fornecedores na China. Estes produtos estarão sujeitos a uma tarifa adicional de 34% a partir de quarta-feira.
“Isto vai criar uma enorme pressão sobre o negócio”, disse a fundadora Cassie Abel, que se viu obrigada a congelar as contratações e os aumentos salariais.
A Daily Owl, a Oiselle e a Wild Rye afirmaram já ter tentado produzir a nível nacional, mas a qualidade é fraca. Assim, dizem que não é prático transferir a produção para os EUA.