11 abr, 2025 - 20:47 • Lusa
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que "várias centenas" de cidadãos chineses estão a combater pela Rússia na Ucrânia, dias depois de ter acusado Moscovo de arrastar Pequim para a guerra.
"Neste momento, sabemos que pelo menos várias centenas de cidadãos chineses estão a combater com as forças de ocupação russas", disse Zelensky, discursando por vídeo numa reunião de líderes militares dos aliados da Ucrânia, que nesta sexta-feira decorreu em Bruxelas na sede da NATO.
Na sua declaração, o Presidente ucraniano acusou a Rússia de tentar "prolongar a guerra" usando vidas chinesas.
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No início desta semana, Volodymyr Zelensky anunciou a captura de dois cidadãos chineses que disse estarem a combater nas fileiras russas na Ucrânia.
Mais tarde, estimou o número em pelo menos 155, mas destacou que provavelmente havia "muitos mais".
Volodymyr Zelensky acusou Pequim de saber que os seus cidadãos estavam a ser recrutados pelo Exército russo, comentários considerados "irresponsáveis" pela China, que se demarcou de qualquer envolvimento no conflito, e o Kremlin (presidência russa) respondeu que as informações do Presidente ucraniano estavam erradas.
Na sua intervenção desta sexta-feira, Zelensky lançou um novo apelo ao nível do armamento e pediu aos seus aliados dez sistemas adicionais de defesa aérea Patriot de fabrico norte-americano.
Os líderes militares reuniram-se nesta sexta em Bruxelas no chamado Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, ou também conhecido como "formato Ramstein", que inclui os principais aliados da Ucrânia.
O Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia foi criado em abril de 2022 pelos Estados Unidos, cerca de dois meses depois da invasão russa da Ucrânia, e reúne cerca de 50 países.
As reuniões deste grupo foram regularmente realizadas na base militar norte-americana de Ramstein, no sudoeste da Alemanha, mas Washington tem vindo a demarcar-se da organização desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos. O encontro de hoje foi presidido pelo Reino Unido e pela Alemanha.
"Peço-lhes que se concentrem, antes de mais, na defesa aérea da Ucrânia. Precisamos muito dela", pediu o Presidente ucraniano, referindo-se ao ataque na sua cidade natal, Kryvyi Rih, no centro do país, onde um míssil russo matou 19 pessoas, incluindo nove crianças, na semana passada.
O líder ucraniano apelou ainda ao Ocidente para avançar com a criação de um contingente militar a destacar para a Ucrânia no caso de cessação das hostilidades, para impedir a Rússia de voltar a atacar o seu país.
"Precisamos de definir detalhes claros sobre o tamanho, estrutura, implantação, logística, apoio, equipamento e armamento deste contingente de segurança na Ucrânia", observou.
A Rússia afastou esta opção no início de março, dizendo que "nenhum acordo" era possível em relação ao envio de tropas europeias de manutenção da paz na Ucrânia.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, diz que quer acabar com a guerra que se tem alastrado desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há três anos, e promoveu reuniões indiretas com as partes na Arábia Saudita.
Sobre as negociações tripartidas, Volodymyr Zelensky voltou a criticar hoje a Rússia por rejeitar uma proposta de Washington para um cessar-fogo incondicional e completo "há exatamente um mês".
Donald Trump, apesar da sua aproximação à Rússia, apenas conseguiu obter anuência de Vladimir Putin a uma trégua bastante limitada.
Em março, a Casa Branca anunciou que Kiev e Moscovo acordaram uma moratória sobre os ataques às infraestruturas energéticas, mas desde então ambos os países acusam-se mutuamente de a violar.
Um acordo para uma trégua no Mar Negro foi também anunciado em termos vagos e de âmbito limitado.