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Ciência

Afinal, não são só os humanos: corvos conseguem distinguir formas geométricas irregulares

12 abr, 2025 - 10:07 • Lusa

Experiências semelhantes com primatas não humanos não tiveram sucesso, sugerindo que os corvos podem ter um sentido visual da geometria euclidiana único no mundo animal.

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Os corvos são animais com capacidades surpreendentes, juntando-se agora a capacidade de distinguir espontaneamente formas quadriláteras irregulares, uma capacidade que se pensava ser exclusivamente humana.

Um estudo da Universidade de Tübingen (Alemanha) publicado na revista Science analisou a capacidade de dois corvos adultos distinguirem, numa primeira tentativa e sem treino prévio, a forma geométrica intrusa entre uma série de quadriláteros irregulares, mesmo em posições e orientações diferentes.

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Experiências semelhantes com primatas não humanos não tiveram sucesso, sugerindo que os corvos podem ter um sentido visual da geometria euclidiana único no mundo animal, noticiou na sexta-feira a agência Efe.

Acredita-se também que as aves utilizam irregularidades espaciais para se orientarem.

Corvos-carniceiros são conhecidos pela inteligência

Os investigadores focaram-se especificamente nos corvos-carniceiros (Corvus corone corone), conhecidos pela sua inteligência e capacidades aritméticas.

O estudo começou por apresentar a cada corvo um conjunto de seis formas não quadriláteras, como cinco estrelas (cada uma de tamanho, posição e rotação diferentes) e uma lua crescente, após o que as aves foram encorajadas a debicar a forma intrusa.

De seguida, repetiram a experiência misturando quadriláteros, incluindo quadrados, trapézios, losangos e outras formas de quatro lados mais irregulares. Cada teste incluiu novamente cinco formas idênticas com posição, rotação e tamanho variados, para além de uma forma intrusa.

Os corvos "conseguiram aplicar imediatamente este conceito de intruso aos quadriláteros, identificando aquele que exibia propriedades geométricas diferentes em comparação com os outros do conjunto", sublinharam os investigadores.

Nos diferentes testes, o primeiro corvo detetou o quadrilátero intruso 48,3% das vezes e o segundo fê-lo 56,7%, ambas as probabilidades superiores à probabilidade de 16,7%.

Uma análise detalhada do seu desempenho em vários testes sugeriu que os corvos não adquiriram a sua perceção de regularidade através da aprendizagem durante os testes, mas que a habilidade estava presente desde o início do teste.

Os corvos exibiram um efeito de regularidade geométrica, apresentando um melhor desempenho com formas que apresentavam ângulos retos, linhas paralelas ou simetria em comparação com formas mais irregulares.

A taxa de sucesso diminuiu à medida que os investigadores começaram a apresentar quadriláteros mais complexos, com ângulos mais variáveis e menos simetria.

Os resultados sugerem que os corvos podem identificar irregularidades em formas bidimensionais com base nos ângulos e comprimentos relativos dos lados.

Os investigadores acreditam que "as intuições geométricas não são específicas dos humanos, mas estão profundamente enraizadas na evolução biológica", referiram no estudo.

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