12 abr, 2025 - 08:28 • Lusa
Uma mulher americana que beneficiou de um transplante de rim de porco teve de retirar o órgão porque o organismo começou a rejeitá-lo ao fim de mais de quatro meses, um período recorde neste tipo de intervenções.
Towana Looney, uma mulher de 50 anos do Alabama, tinha sido transplantada no final de novembro com um rim de porco geneticamente modificado, uma prática ainda muito experimental, mas que oferece a esperança de responder à escassez crónica de órgãos.
Este acontecimento salienta bem a distância a que este objetivo ainda se encontra, mas não deixa de ser um progresso, uma vez que o órgão desempenhou as suas funções durante um período recorde de 130 dias, ou seja, mais de quatro meses.
Até à data, nenhum doente tinha conseguido sobreviver mais de dois meses após um transplante deste tipo.
"Pela primeira vez desde 2016, pude desfrutar dos meus amigos e da minha família por ter tempo, sem ter de planear tudo em torno dos tratamentos de diálise", confidenciou a doente num comunicado partilhado pelo NYU Langone Hospital, em Nova Iorque. Acrescentou que estava "muito grata (...) apesar de o resultado não ter sido o que todos esperavam".
A americana doou um dos seus rins à mãe em 1999 e esteve em diálise durante oito anos depois de uma complicação durante a gravidez ter danificado o rim que lhe restava. Na impossibilidade de encontrar um dador compatível, foi autorizada a receber um rim geneticamente modificado à medida que a sua saúde se deteriorava.
Apesar dos resultados iniciais encorajadores, "no início de abril, a função renal diminuiu devido a uma rejeição aguda", declarou o cirurgião Robert Montgomery no comunicado.
"A causa deste episódio de rejeição, após um longo período de estabilidade, está a ser investigada, mas seguiu-se a uma redução da terapia imunossupressora para tratar uma infeção não relacionada com o rim de porco", explicou.
O objetivo deste tratamento é inibir a atividade do sistema imunitário para evitar que este ataque o órgão transplantado e provoque a sua rejeição, enfraquecendo assim a capacidade de resposta do organismo a ameaças externas.
A decisão de retirar o órgão foi tomada pela paciente e seus médicos para preservar uma "possibilidade futura de transplante para ela", acrescentou Montgomery.