11 abr, 2025 - 07:53 • Lusa
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse esta sexta-feira ao Presidente chinês, Xi Jinping, que Espanha "vê a China como parceira da União Europeia", num encontro em Pequim que coincide com um período transformações na ordem internacional.
"Espanha é um país profundamente pró-europeu que vê a China como um parceiro da União Europeia", afirmou Sánchez, que chegou à capital chinesa na quinta-feira à noite.
Madrid vai "trabalhar para que as relações entre a UE e a China sejam pautadas pelo diálogo e pela reciprocidade", assegurou.
Os laços entre a Europa e a China foram fragilizados pela aproximação de Pequim a Moscovo, no contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia. Bruxelas criticou Pequim por ter apoiado Moscovo económica e diplomaticamente, embora a China tenha garantido repetidamente que pretende uma solução pacífica para o conflito.
O regresso ao poder de Donald Trump, nos Estados Unidos, pode, no entanto, remodelar alinhamentos geopolíticos e parcerias económicas. As posições antagónicas do líder norte-americano face à aliança transatlântica e a guerra comercial lançada contra o resto do mundo são vistas por analistas como suscetíveis de reaproximar Europa e China.
"A Espanha trabalhará sempre para promover relações sólidas e equilibradas entre a China e a UE. Uma Europa forte também contribui para a estabilidade e a prosperidade mundiais", disse o líder espanhol a Xi Jinping.
"Queremos trabalhar em questões de interesse comum, promover o comércio e o investimento de forma equilibrada para que beneficiem o desenvolvimento dos nossos países, a partir das nossas respetivas visões, e queremos promover a aproximação entre as nossas sociedades", acrescentou.
Sublinhando que esta é a terceira visita a Pequim do líder espanhol em três anos, Xi apontou que "perante a evolução das mudanças globais, só com a colaboração entre países" se pode "trabalhar em prol da paz e estabilidade".
A reunião decorreu nas instalações protocolares de Diaoyutai e não no Grande Palácio do Povo, onde os chefes de Estado ou de Governo são habitualmente recebidos.
"[A China] está disposta a construir uma parceria estratégica abrangente com Espanha, com vista a melhorar o bem-estar dos nossos povos, injetar uma força motriz nas relações sino-europeias e dar um maior contributo para a paz global, a estabilidade e o desenvolvimento", acrescentou.
"Quanto mais turbulenta e mutável for a situação internacional, mais importante é manter um bom e estável desenvolvimento das relações", afirmou.
Xi referiu-se ainda ao artigo conjunto publicado na imprensa internacional em março por Sánchez e os presidentes do Brasil e da África do Sul, Luiz Inácio Lula da Silva e Cyril Ramaphosa, respetivamente, que descreveu como "visões estratégicas e reflexões racionais".
O texto, segundo o líder chinês, é "um apelo para dar novo impulso ao multilateralismo e rejeitar o recuo para o isolamento e as ações unilaterais".
No encontro com Xi, Sánchez deverá abordar questões como o desequilíbrio comercial, os investimentos chineses em Espanha, a guerra na Ucrânia e o cenário convulsivo provocado pela guerra comercial lançada por Washington.
O chefe do Governo espanhol tem também previsto um encontro com o homólogo chinês esta sexta-feira, Li Qiang, com quem presidirá à assinatura de acordos bilaterais.