12 abr, 2025 - 01:16 • Marisa Gonçalves
A União Europeia (EU) está disposta a dialogar e a negociar com os Estados Unidos sobre as tarifas aduaneiras. Esta foi a mensagem transmitida em Washington por uma delegação de eurodeputados durante uma visita que terminou esta sexta-feira e que teve como pano de fundo o recente anúncio da Casa Branca de aplicar tarifas adicionais aos parceiros comerciais.
O eurodeputado socialista italiano, Brando Benifei, que chefiou esta delegação, diz à Renascença que a posição de Bruxelas saiu reforçada e acredita num entendimento, em breve, sobre este tema.
“Estamos prontos para negociar e ficamos contentes porque entendeu-se que um conflito comercial seria um desastre para a União Europeia, mas também para os Estados Unidos porque nesta altura há medo, infelizmente, e muito caos. Por isso, vamos continuar a dialogar para encontrar soluções. Estamos disponíveis para encontrar um entendimento que beneficie os dois lados. Mas, também exigimos respeito porque a linguagem utilizada para os países europeus nem sempre tem sido respeitosa por parte desta administração”, afirma.
O eurodeputado diz-se “optimista” quanto a um "acordo sensato". Ainda assim, sublinha que tal não significa que a UE esteja pronta a ceder em questões que são do interesse da administração norte-americana.
Nesta visita a Washington, a delegação de eurodeputados reuniu-se com representantes do Departamento de Estado norte-americano e da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, para além de representantes de outras instituições.
O deputado italiano Brando Benifei diz também à Renascença que foram percetíveis sinais de preocupação da parte dos líderes empresariais quanto a um eventual escalar de um conflito comercial entre a Europa e os Estados Unidos.
“Fica claro da nossa visita que os Estados Unidos estão dispostos a discutir, pelo menos, ao nível dos decisores políticos, legisladores e congressistas. Encontrámos muita preocupação também nos líderes empresariais sobre se este conflito pode escalar e tornar-se num grande problema para a nossa forte relação económica, o que é fundamental para o nosso bem-estar”, refere.
Brando Benifei, acrescenta que a delegação europeia viu sinais de inquietação também no Partido Republicano, de Donald rump.
“Os republicanos percebem que os europeus não estão a compreender por que razão a administração dos EUA está a tratar a Europa como um inimigo ou um conjunto de países que não são aliados dos Estados Unidos. Há muitos e diferentes atores da política e das instituições, mas também do mundo empresarial e de diferentes partes interessadas, que estão a pressionar para que este conflito acabe. Tenho certeza de que também a administração ouvirá essas indicações que vêm da sociedade americana”, declara.
Após o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, na passada quarta-feira, ao decidir suspender por 90 dias a aplicação de tarifas recíprocas sobre a maioria dos seus parceiros comerciais, a União Europeia seguiu a mesma medida.
Bruxelas espera que esses três meses, que estão a ser vistos como uma pausa, permitam chegar a um acordo comercial com a Casa Branca.