16 abr, 2025 - 08:06 • Lusa
A comissária para o Alargamento defendeu que a expansão da UE é o instrumento "mais eficaz para assegurar a paz, a prosperidade e a liberdade", sem se comprometer com um prazo para a adesão da Ucrânia.
"O alargamento continua a ser o instrumento mais eficaz para assegurar a paz, a prosperidade e a liberdade", disse Marta Kos, em entrevista à European Newsroom, projeto que agrega as principais agências de notícias europeias, incluindo a Lusa.
No entanto, a comissária europeia considerou que o alargamento "tem limitações".
Por muito que a UE e os Estados-membros queiram e até seja consensual a adesão dos países candidatos, o processo é feito pelo mérito e pela conclusão de reformas que são necessárias para equiparar todos os países do bloco comunitário, disse.
A comissária referiu uma conversa mantida com o Presidente da Ucrânia, na qual Volodymyr Zelensky disse que o país estava pronto para iniciar todos os processos de reforma: "Mas expliquei-lhe que não é assim. Não se trata de iniciar todas [as reformas] ao mesmo tempo, é sobre concluí-las".
Marta Kos referiu que o processo de alargamento está a avançar a um ritmo acelerado, principalmente para a Ucrânia e para a Moldova.
Quanto às objeções da Hungria, país que quase sempre quebra a unanimidade nas decisões que envolvem estes dois países, especialmente a Ucrânia, a comissária para o Alargamento rejeitou que Budapeste seja uma força de bloqueio tão grande e que as preocupações húngaras estão a ser atendidas.
"Até lá [até à adesão], estou confiante de que vamos encontrar uma solução em relação à minoria húngara [a viver no território ucraniano], está a ir bastante bem. Isto faz parte dos artigos de dois tratados da UE, a proteção de minorias. Por isso, sei que haverá vontade, por parte da Ucrânia, em cumpri-lo", referiu.
Questionada sobre se há vontade da Hungria em começar a facilitar o processo de adesão, Marta Kos rejeitou comentar o trabalho desenvolvido pelos diferentes interlocutores, mas deixou uma opinião: "Pelo menos há contactos, caso contrário, não haveria qualquer discussão."
"O processo de adesão [à UE] para os ucranianos está a decorrer a toda a velocidade", comentou.
Numa altura em que ainda não há 'luz verde' para um possível acordo de cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia, ainda que Kiev tenha acordado com um cessar-fogo incondicional, Marta Kos lembrou as pretensões impossíveis de cumprir por agora de a Ucrânia aderir à NATO.
"Não é possível, por enquanto, que a Ucrânia e a Moldova sejam Estados-membros da NATO", sustentou.
Nesse sentido, a adesão à UE é uma "perspetiva bastante realística" e é o "braço político das garantias de segurança" para os dois países.
"A adesão à UE pode ser um grande e muito forte braço político das garantias de segurança", insistiu, notando, por exemplo, que há uma disparidade com os países dos Balcãs Ocidentais, que aderiram mais facilmente à NATO do que à UE por circunstâncias particulares.
No entanto, Marta Kos disse esperar que o próximo Governo da Sérvia seja "pró-europeu" e facilite ainda mais o processo de adesão à UE.
A dimensão deste alargamento também representa um desafio acrescido: "No alargamento de 2004, 74 milhões de pessoas entraram na UE, com 10 Estados-membros [...]. Só com a Ucrânia seriam mais 60 milhões".