18 abr, 2025 - 23:43 • Lusa
O Presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu esta sexta-feira que pode abandonar as negociações com Moscovo e Kiev sobre o conflito na Ucrânia “muito em breve” se não houver progressos, após declarações divergentes na sua administração.
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"Não há um número específico de dias, mas queremos resolver isso rapidamente", disse o Presidente dos Estados Unidos.
Estas declarações estão em linha com o chefe da diplomacia de Washington, Marco Rubio, que também alertou hoje que os Estados Unidos poderão deixar as conversações, mas em contraste com o vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que no mesmo dia indicou avanços nas últimas horas no diálogo com as partes e expressou o seu otimismo.
"Se por algum motivo algum dos lados tornar as coisas demasiado difíceis, diremos apenas: 'Vocês são estúpidos, vocês são idiotas, vocês são pessoas horríveis', e seguiremos em frente", declarou Trump, acrescentando: "Mas espero que não tenhamos de fazer isso".
Horas antes, JD Vance manifestou, durante uma visita a Roma, o seu otimismo sobre a evolução das negociações indiretas com Moscovo e Kiev, à margem de um encontro com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
"Não quero prejudicar nada, mas estamos realmente otimistas de que podemos acabar com esta guerra tão brutal", disse o vice-Presidente norte-americano, referindo-se a “certas coisas que aconteceram nas últimas 24 horas".
No entanto, no mesmo dia, o secretário de Estado norte-americano ameaçou "seguir em frente" se os Estados Unidos chegarem à conclusão que "não é possível" alcançar a paz na Ucrânia.
"Os Estados Unidos têm outras prioridades", observou Marco Rubio à saída de França, após uma série de reuniões na véspera com representantes ucranianos e europeus em Paris, insistindo que Washington não queria que a questão da Ucrânia se arrastasse por "semanas e meses".
Posteriormente, Trump disse que "Marco tem razão" de que a dinâmica das negociações precisa de mudar, deixando no ar a hipótese de abandonar o diálogo, sem se comprometer com nenhum ultimato.
“Bem, não quero dizer isso. Mas queremos ver isto acabar”, declarou.
As declarações dos dirigentes norte-americanos surgem no mesmo dia em que o Kremlin anunciou que dava por encerrada a moratória de ataques a infraestruturas energéticas, revelada em março e minada desde então por acusações mútuas de Kiev e Moscovo de violações ao acordo.
No seguimento de vários dias de fortes bombardeamentos russos na Ucrânia, pelo menos duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos ataques noturnos contra as cidades de Kharkiv e Sumy, no nordeste do país, segundo as autoridades ucranianas.
Antes do anúncio da trégua limitada às instalações energéticas, o Presidente norte-americano tinha inicialmente proposto um cessar-fogo incondicional e completo, cujo princípio foi aceite por Kiev sob pressão de Washington, mas rejeitado pelo líder russo, Vladimir Putin.
Representantes dos Estados Unidos, da Ucrânia e europeus concordaram em voltar a reunir-se na próxima semana em Londres, após um primeiro encontro que se realizou na quinta-feira em Paris.
Estas rondas diplomáticas acontecem numa fase em que Washington e Kiev se aproximam de um entendimento que concederá aos Estados Unidos acesso a vastos recursos minerais da Ucrânia e que poderá ser assinado já na próxima semana.