26 abr, 2025 - 18:24 • Fábio Monteiro com Reuters
Estados Unidos e Irão anunciaram este sábado a continuidade das negociações nucleares, com uma nova ronda prevista para a próxima semana.
Apesar da evolução positiva, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araqchi, alertou para a necessidade de "extrema cautela" quanto ao sucesso das conversações.
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Araqchi e o enviado norte-americano para o Médio Oriente, Steve Witkoff, reuniram-se durante seis horas em Mascate, na sequência de um encontro anterior em Roma que ambas as partes descreveram como "construtivo".
"As negociações são extremamente sérias e técnicas... ainda existem divergências, tanto em questões fundamentais como em detalhes," afirmou Araqchi à televisão estatal iraniana. O diplomata acrescentou que existe "seriedade e determinação de ambas as partes", mas sublinhou que o optimismo é contido.
Um responsável norte-americano qualificou os encontros como "positivos e produtivos", indicando que as partes concordaram em voltar a reunir-se na Europa "em breve". O próximo encontro de alto nível está provisoriamente agendado para 3 de maio, segundo anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, Badr Albusaidi.
Especialistas técnicos reuniram-se em paralelo em Mascate para desenhar um quadro de entendimento para um eventual acordo. "A presença dos especialistas foi útil... vamos regressar às capitais para novas análises e tentar reduzir as divergências," adiantou Araqchi.
Enquanto a diplomacia avança, o contexto permanece tenso. No sábado, pouco depois do início das negociações, uma explosão no porto iraniano de Shahid Rajaee, perto da cidade de Bandar Abbas, causou pelo menos quatro mortos e centenas de feridos.
As discussões decorrem num momento em que Washington mantém a sua política de "pressão máxima" sobre Teerão. Desde 2019, o Irão acelerou o enriquecimento de urânio até 60%, próximo do nível de 90% necessário para armamento nuclear, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, defendeu esta semana que o Irão "deve cessar totalmente o enriquecimento de urânio", importando o material necessário para alimentar a central nuclear de Bushehr. Teerão, contudo, mantém como "linha vermelha" a continuidade do seu programa de enriquecimento e a manutenção do seu stock de urânio.