27 abr, 2025 - 12:41 • Lusa
O Ministério da Defesa iraniano negou este domingo a existência de combustível militar ou para uso militar no porto de Shahid Rajai, onde no sábado ocorreu uma explosão que já causou 28 mortos e mais de 1.000 feridos.
"Não houve nem há atualmente qualquer carregamento (...) de combustível militar ou para uso militar na zona do incêndio e no porto de Shahid Rajai", assegurou o porta-voz do Ministério da Defesa iraniano, Reza Talai-Nik, desmentindo o que tem vindo a ser apontando como causa da explosão.
De acordo com uma fonte ligada aos Guardas da Revolução - exército ideológico do país -, citada pelo jornal norte-americano New York Times mas que pediu para não ser identificada por razões de segurança, a explosão foi causada por uma substância utilizada na composição de combustíveis sólidos para mísseis, o perclorato de sódio.
A empresa de segurança privada Ambrey afirmou que o porto recebeu combustível químico para mísseis em março e admitiu que o incêndio possa ter sido "resultado de um manuseamento incorreto de um carregamento de combustível sólido destinado a ser utilizado em mísseis balísticos iranianos".
Num comunicado transmitido pela televisão estatal iraniana, as autoridades aduaneiras do porto afirmaram que o desastre pode ter sido provocado por um incêndio num armazém de materiais perigosos.
Segundo o Crescente Vermelho iraniano, o último balanço dá conta de 28 mortos e mais de 1.000 feridos na sequência da explosão que provocou um incêndio no local, que ainda está a lavrar na zona envolvente.
"Infelizmente, 28 pessoas morreram", disse o diretor do Crescente Vermelho iraniano, Pirhossein Koulivand, num vídeo publicado no site do Governo do Irão, acrescentando que "20 pessoas estão nos cuidados intensivos".
O Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, já pediu uma investigação para determinar as causas do desastre.
A explosão aconteceu na mesma altura em que Irão e Estados Unidos se reuniram, no sábado, em Omã, para a terceira ronda de negociações sobre o programa nuclear de Teerão, que avança rapidamente.
Embora ninguém no Irão tenha sugerido diretamente que a explosão tenha sido causada por um ataque, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, que liderou as negociações, reconheceu na quarta-feira que "os serviços de segurança estavam em alerta máximo devido a casos passados de tentativas de sabotagem e operações de assassinato concebidas para provocar uma resposta legítima".
A explosão, ouvida a dezenas de quilómetros do local, ocorreu por volta das 12:00 locais (09:30 em Lisboa) de sábado num cais do porto de Shahid Rajai, por onde passam 85% das mercadorias do Irão.
Este porto fica perto da grande cidade costeira de Bandar Abbas, no estreito de Ormuz, por onde transita um quinto da produção mundial de petróleo.