21 abr, 2025 - 11:15
O Papa do sorriso e do bom humor, deu voz e visibilidade a quem não a tem. Insistiu com a Igreja e com o mundo para que nunca se percam de vista as periferias – humanas e sociais.
Optou preferencialmente pelos mais excluídos ou humilhados; pelos mais sofridos e debilitados; pelos deslocados e perseguidos.
Francisco rompeu fronteiras, foi escutado por crentes e não crentes, num apelo constante a uma Igreja em saída, que levasse Jesus ao encontro de todos. Ou de todos, todos, todos como deliberadamente sublinhou, na memorável Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, em 2023.
Em 2017, no centenário das Aparições, esteve em Fátima, aos pés de Nossa Senhora, convertendo Portugal num dos raros países que visitou mais do que uma vez.
No seu Pontificado criou quatro cardeais portugueses – Manuel Clemente, António Marto, José Tolentino de Mendonça e Américo Aguiar.
Jesuíta, Jorge Mário Bergoglio foi o Papa que a Igreja foi buscar à Argentina, em 2013. Uma escolha inédita para guiar a Igreja universal, depois de uma também inesperada abdicação de Bento XVI.
Não abdicando dos mais fracos, Jorge Bergoglio sofreu por isso a perseguição da ditadura militar argentina. Nesses anos pesados ou já depois como Arcebispo de Buenos Aires nunca deixou de caminhar e de conviver com os mais frágeis da sociedade.
Verdadeiro apóstolo dos pobres e dos indefesos, Francisco trouxe consigo essa marca, para o Vaticano. E do Vaticano estendeu-a ao mundo inteiro.
Desde a tragédia dos refugiados até às vítimas das guerras, passando pelos dramas do aborto ou dos abusos sexuais - o Papa Francisco esteve sempre ao lado dos mais fracos. E foi, nesse combate, uma voz tão incómoda como incansável.
Levou a Missão até ao fim. Não se resguardou nos últimos dias. E surpreendeu até com uma visita aos presos, que desejava libertar para uma vida nova.
Falou até poder e rezou até morrer. A saúde nunca foi o seu forte, mas o sorriso cheio de fé e vida, esse, acompanhou-o até ao fim. Ou até ao fim do princípio - ao encontro da vida eterna.