13 jan, 2016 - 16:39 • Henrique Cunha
A União das Misericórdias Portuguesas diz que a “confiança entre as Misericórdias e o Governo foi abalada” pela anulação do processo de transferência de hospitais.
No final de uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, que serviu para o Governo explicar por que é que decidiu anular a passagem dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira para a alçada das misericórdias locais, o presidente da União, Manuel Lemos, lamenta a suspensão do processo e lembra, em declarações à Renascença, que há investimentos feitos que não podem ser desbaratados.
“Além dos prejuízos financeiros que causam às instituições que são muito significativos há aqui sobretudo a questão da confiança entre as Misericórdias e o Governo que é obviamente abalada por atitudes deste género”, afirma Manuel Lemos, lembrando que as duas misericórdias, a quem afinal já não vão ser entregues hospitais, fizeram “investimentos em equipamentos e em recrutamento de recursos humanos”.
O presidente da União das Misericórdias defende que as Misericórdias de Santo Tirso e de São João da Madeira devem ser indemnizadas.
“Aquilo que tenho ouvido na comunicação social, quer a propósito da TAP, quer a propósito das reversões com outras entidades que nem sequer são parceiras habituais do Estado, é que esse assunto [indemnizações] está em cima da mesa. Portanto, se está em cima da mesa para essas instituições por maioria de razão tem de estar entre o Estado e as Misericórdias”, argumenta.
Além da anulação do processo de transferência dos hospitais de Santo Tirso e São João da Madeira, o Governo decidiu fazer uma avaliação do serviço das unidades de Fafe, Anadia e Serpa que tinham entretanto passado para a alçada das Misericórdias ao abrigo do protocolo assinado com o anterior Governo.
Apesar deste episódio, Manuel Lemos garante total disponibilidade para continuar a colaborar com o Estado e lembra o peso das instituições, sobretudo ao nível dos cuidados continuados.
“Temos mais de 60% da rede. Não existiria cuidados continuados em Portugal se não fossem as misericórdias ou então não teria expressão. A nossa disponibilidade para trabalhar está em cima da mesa. Obviamente que é importante retomar um clima de confiança mútua da forma como trabalhamos em conjunto”, remata.