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Guerra dos números. Há excesso de nadadores-salvadores ou falta deles?

30 mai, 2016 - 07:11

Quando se aproxima a abertura da época balnear, os concessionários queixam-se da falta de profissionais e dizem que a “segurança dos banhistas está em risco”. Já a Marinha diz que há excesso de nadadores-salvadores.

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O comandante do Instituto dos Socorros a Náufragos (ISN) refere que há mais 3.000 nadadores-salvadores do que é necessário, mas os concessionários de praia queixam-se da falta de profissionais e dizem que a segurança está posta em causa.

Em vésperas de arrancar a época balnear em grande parte das praias portuguesas, o comandante do ISN, Nuno Leitão, afirmou à agência Lusa que existem 7.400 nadadores-salvadores certificados para o exercício da actividade, quando a necessidade é de 4.100 profissionais para trabalhar nas 1.250 unidades balneares.

"Houve um decréscimo de formação e certificação em relação a anos anteriores, mas de há três anos para cá os quantitativos estão acima das necessidades reais", sustentou.

No entanto, o presidente dos concessionários de praia, João Correia, apontou como maiores dificuldades no sector "a falta de nadadores-salvadores".

"Se a Marinha diz que há excesso de nadadores-salvadores, então que os coloque nas praias. Porque o problema é que muitos vão para as piscinas e as praias acabam por ficar sem ninguém", explicou.

João Correia adiantou que as praias da Costa da Caparica (Almada, distrito de Setúbal) são as que mais sentem a falta de profissionais e, no seu entender, a segurança dos banhistas está em risco.

"Nós não formamos os nadadores-salvadores, não temos maneira de os garantir. A situação está gravíssima. A segurança está completamente posta em causa", afirmou.

Estágio obrigatório

Para o representante dos concessionários nacionais, a solução deveria passar pela obrigatoriedade de colocar os nadadores-salvadores a fazer um estágio em praias e só depois poderem escolher o local onde quisessem ficar a trabalhar.

"Se houvesse uma obrigação de os nadadores-salvadores irem 15 dias ou um mês para as praias e depois passarem o resto do verão onde quisessem, talvez a situação se resolvesse. Mas é a Marinha que tem de tratar disso. Esta situação entrou em ruptura, completamente, e os concessionários são o elo mais fraco desta cadeia", sustentou João Correia.

Confrontado com as queixas, o comandante do ISN sublinhou que a contratação de nadadores-salvadores é "da inteira responsabilidade e obrigação dos concessionários".

"O problema aqui é que muitos concessionários têm outras prioridades e deixam para o fim a contratação de nadadores-salvadores. Depois, o que se passa é que todos já escolheram outros sítios para ficar e não há ninguém disponível para ali", explicou Nuno Leitão.

O valor dos ordenados

A contratação de profissionais, lembrou, depende também dos ordenados. "Claro que os concessionários que oferecerem ordenados mais altos têm mais oportunidade, têm mais candidatos. Os concessionários que não tenham tanta capacidade financeira irão ter maior dificuldade em arranjar nadadores-salvadores", esclareceu.

O comandante assegurou que há equidade no valor dos salários nas praias do Norte, com menos afluência, e nas praias da Grande Lisboa e Algarve, com mais banhistas.

"Temos praias no Norte que oferecem ordenados acima dos 800 euros, como também temos zonas do Alentejo e Algarve que pagam menos de 800 euros. A média é de 800 a 1.000 euros, com direito a almoço", contou.

Nuno Leitão rejeitou que a segurança balnear esteja em risco e lembrou que a maior preocupação da Marinha são os 350 quilómetros de praias não vigiadas.

"Aqui, a Marinha faz um grande esforço para vigiá-las através de projectos implementados nestas zonas, nomeadamente o AMAROC [carrinhas de patrulha] e militares, que corresponde a um esforço de 500 mil euros em ajudas de custo e combustível", adiantou.

O comandante do ISN assegurou ainda que serão desenvolvidas várias campanhas de sensibilização para os banhistas.

Comentários
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  • Baywatch
    30 mai, 2016 Venice beach 08:24
    Eu sou um dos que esta certificado mas nem sequer ja moro na tugalandia, quantos mais estamos nas mesmas condicoes? Os salarios sao importantes, mas a preferencia pelas piscinas tem mais a ver com o fato de correrem menos riscos, e estarem mais confortaveis, nada de anormal aqui. Tendo cumprido tres epocas numa praia com ondas bem fortes, felizmente sem vitimas durante esse periodo, varias vezes precisei de ir buscar gente, mas o trabalho principal prende-se com a prevencao, e um Nadador Salvador que passe a vida a jogar no telefone, nao vai conseguir fazer prevencao. Para reflectir...

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