Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Francisco George alerta contra "abusos médicos" de prolongamento da vida

03 fev, 2018 - 14:32

O ex-diretor geral de Saúde defende a aprovação da despenalização da morte assistida, mas alerta para eventuais abusos.

A+ / A-

O ex-diretor geral de Saúde, Francisco George, defende que a despenalização da morte assistida tem de ser aprovada em nome do "interesse público", alertando para o prolongamento artificial da vida em hospitais, sobretudo no setor privado.

No primeiro painel da conferência "Despenalizar a morte assistida: tolerância e livre decisão" organizada pelo BE e na qual o partido apresentou o seu projeto-lei sobre o tema, Francisco George lembrou que subscreveu "sem hesitação" o início deste movimento há dois anos.

"Esta lei tem de ser aprovada no interesse público, porque no final da vida há abusos médicos muitas vezes, por pressão de administrações sobretudo no setor privado, onde se mantém a vida artificial, que não é aceitável nem no plano moral, nem no plano da ética, nem no plano médico, nem no plano económico", defendeu o atual presidente da Cruz Vermelha.

Francisco George acrescentou ainda que os custos deste prolongamento da vida artificial da vida "são pagos pelos contribuintes".

O anterior diretor-geral de Saúde disse estar de acordo com o conteúdo do projeto-lei apresentado pelo BE, mas considerou que pode conter um excesso de burocracia.

"Há ali uma carga de muito relatório, muita comissão, muita verificação que não sei se é boa", apontou.

Os outros três participantes no painel que analisou as implicações biomédicas da morte assistida manifestaram-se igualmente favoráveis à despenalização.

Joaquim Machado Caetano, antigo coordenador nacional na luta contra a SIDA, justificou a sua posição pessoal, em primeiro lugar, pelo "acompanhamento do sofrimento" no final da vida de familiares próximos.

Também o deputado independente eleito nas listas do PS Alexandre Quintanilha manifestou a sua posição favorável à aprovação da lei, considerando que " a qualidade e dignidade da minha vida é mais importante que a quantidade".

"Suspeito que será assim para muitos cidadãos", afirmou.

Na mesma linha, o médico psiquiatra Júlio Machado Vaz alinhou na defesa da despenalização e considerou "uma fantasia" colocar os cuidados paliativos como uma alternativa à morte assistida.

No seu projeto-lei, hoje apresentado, o BE permite as duas formas de morte assistida - a eutanásia e o suicídio assistido - e a condição essencial é que "o pedido de antecipação da morte deverá corresponder a uma vontade livre, séria e esclarecida de pessoa com lesão definitiva ou doença incurável e fatal e em sofrimento duradouro e insuportável".

O diploma admite a morte assistida em estabelecimentos de saúde oficiais e em casa do doente, desde que cumpra todos os requisitos e garanta a objeção de consciência para médicos e enfermeiros.

O processo, pelo projeto do BE, prevê vários pareceres de médicos (pelo menos três, incluindo um especialista na área da doença e um psiquiatra) e o doente tem de confirmar várias vezes a sua vontade para pedir a antecipação da morte.

"Para a verificação do cumprimento" do diploma legal, é proposta uma Comissão de Avaliação dos Processos de Antecipação da Morte, composta por nove "personalidades de reconhecido mérito que garantam especial qualificação nas áreas de conhecimento mais diretamente relacionadas" com a lei: três juristas, três profissionais de saúde e três especialistas em ética ou bioética, sejam ou não profissionais de saúde ou juristas".

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Rosa Cerqueira
    05 fev, 2018 Porto 23:12
    A vida é um dom de Deus que sempre determina o seu início e, logicamente, a Ele pertence determinar o fim.
  • Venus
    05 fev, 2018 Lisboa 12:36
    A nova forma de matar por economicismo vai contra maioria da formação da população portuguesa, não temos ainda um governo de extrema esquerda ou extrema direita mas para lá caminhamos.Quem pesa ao estado tem que ser eliminado?Staline,Mao,Hitler etc não fariam melhor.
  • João
    04 fev, 2018 Junta 17:31
    Cérebro medíocre. Em nome de quê?? O que é isso de "interesse público"???????? Interesse do Estado?? Também és adepto de Estaline??
  • 04 fev, 2018 11:58
    "o pedido de antecipação da morte deverá corresponder a uma vontade livre, séria e esclarecida de pessoa com lesão definitiva ou doença incurável e fatal e em sofrimento duradouro e insuportável". Na qualidade de familiar e acompanhante de doente familiar, pergunto como poderá haver tais requisitos, atendendo á debilidade do respectivo doente. Uma coisa sei: a pessoa em causa sempre defendeu proteger a vida. Sempre buscou o tratamento pessoal e dos seus, dela dependente. É numa situação de total dependência que podemos qualifica-lhe de "vontade livre, séria e esclarecida ". Encontro nestes argumentos "um pau de dois bicos". Por um lado defende-se e custeia-se a pesquisa e investigação cientifica no tratamento de doenças incuráveis. Por outro defende-se a morte. De todos os argumentos usados o que mais pesa na defesa da eutanásia e do suicídio assisto não será, chamemos-lhe pelo nome, uma cultura do descartável? Quando a mesma se virar contra quem hoje a defende, então perceberão, na própria pele, o que tal significa. Se a medicina visa a defesa do doente, começo por ter medo dos próprios hospitais. Vou ou levo alguém para ser auxiliado e sou conduzida ou conduzo alguém para a morte?! Será este um dos rótulos dos hospitais. Isto em termos muito simples. cordialmente, Mª Carlos
  • João Lopes
    04 fev, 2018 Viseu 10:20
    A eutanásia e o aborto ofendem o principal direito humano que é o direito à vida! Com o aborto os pequenos seres humanos, indefesos e inocentes são exterminados silenciosamente na barriga de suas mães. A eutanásia e o suicídio assistido são diferentes formas de matar. Os médicos e os enfermeiros existem para defender sempre a vida humana e não para matar, nem serem cúmplices do crime de outros.
  • Filipe
    03 fev, 2018 évora 22:25
    Este ser humano demonstra ser feito de genes algures espalhados de gente tirana . Então assim pelo que diz nunca se evoluía nos equipamentos para manterem a vida ... se custam dinheiro aos contribuintes , então injete-se logo veneno nas veias , assim pensam estes selvagens que sabem à partida que o que acontece é com os outros ... que sofra muito até minguar um dia todo chupado pela pior doença .
  • Diogo
    03 fev, 2018 Porto 15:53
    Portanto , depois de andar á ser seguido pelos seus médicos devido à sua diabetes e aos problemas psiquiátricos que o envolve , e tendo em conta o elevado grau de sofrimento que lhe acarreta á toma de medicação , decidimos por mutuo acordo avisar á funerária Benfica que o sr. xxx escolheu pôr fim à sua vida . Sou contra este tipo de argumentos .

Destaques V+