26 jul, 2019 - 21:25 • Redação
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Há fundamentos para dissolver os órgãos da Ordem dos Enfermeiros, defende uma sindicância da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). As conclusões foram avançadas esta sexta-feira pela SIC e “Jornal de Notícias.
Os inspetores detetaram gastos sem justificação documentada e evidências da participação da bastonária Ana Rita Cavaco na greve cirúrgica dos enfermeiros.
Com base em pagamentos de quilómetros, cabeleireiros e roupas, entre outras despesas sem base legal, a sindicância acusa a atual gestão da Ordem dos Enfermeiros de viver "à custa" da instituição.
Entre os gastos, a IGAS refere seis mil euros em restaurantes, mais de três mil euros em levantamentos, cerca de cinco mil em compras no estrangeiro, quase oito mil em Via Verde e 70 mil em cartão de crédito, além de deslocações em viatura própria que rondavam em média 2.600 euros por mês, o que, segundo as contas da SIC, implicaria viagens de 400 quilómetros diários pagos a 36 cêntimos/quilómetro.
O relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde sobre a Ordem dos Enfermeiros vai ser enviado para o Ministério Público (MP).
De acordo com a IGAS, os responsáveis da Ordem negaram o acesso a documentação durante a sindicância e a PSP teve que ser chamada. Os armários da sede estavam fechados a cadeado.
Contactado pela Renascença, o Ministério da Saúde confirma a receção do relatório esta semana. O gabinete da ministra Marta Temido está a analisar o documento e ainda não decidiu o que fazer.
Bastonária nega suspeitas e fala em tentativa de "assassinato de caráter"
Em declarações à Renascença, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros admite que já esperava esta conclusão da sindicância por ser uma voz incómoda para o Governo.
“Nós na verdade sempre estivemos à espera. Desde que o sr. primeiro-ministro falou no seu incómodo pelo facto de eu ter apoiado a greve dos enfermeiros – que vou continuar a apoiar – eu disse que o objetivo da sindicância era a perda do mandato dos órgãos da Ordem dos Enfermeiros”, afirma Ana Rita Cavaco.
A líder dos enfermeiros sublinha que para os órgãos sociais da Ordem serem caírem “é preciso uma decisão do tribunal para o fazer, porque o Ministério da Saúde não tem competência para isso”.
Nestas declarações à Renascença, Ana Rita Cavaco diz que está a ser alvo de uma tentativa de assassinato de caráter.
“Simultaneamente tentam assassinar-nos o caráter, sobretudo a mim, com uma história que tem três anos e meio. Desde que chegámos à Ordem dos Enfermeiros estamos a levar com suspeitas infundadas relativamente a despesas, quando estamos a falar de despesas que estão todas devidamente suportadas, não há aqui nenhuma despesa que não esteja enquadrada legalmente”, garante.
A Ordem dos Médicos tem vindo a contestar a sindicância da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.
A 29 de abril, a bastonária anunciou que ia agir judicialmente contra a inspeção determinada pela ministra da Saúde, Marta Temido, considerando que o que esta averiguação pretende é condenar a Ordem por delito de opinião.
No mesmo dia, elementos da Inspeção-geral das Atividades em Saúde que se deslocaram à Ordem dos Enfermeiros foram impedidos de entrar para cumprir a sindicância. Voltaram mais tarde acompanhados pela PSP.
[notícia atualizada às 23h33]