01 mai, 2020 - 13:16 • Carla Fino , Cristina Nascimento
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A cardiologista Lídia de Sousa pede a quem sofre de doença cardíaca que vá ao hospital, sem recear o cenário de pandemia. O alerta é lançado no arranque do mês de maio, mês do coração.
Por ano em Portugal, morrem mais de 10 mil pessoas de enfarte do miocárdio, situação que pode agravar-se em contexto de Covid-19.
“Indiscutivelmente está a haver um aumento da morbilidade e mortalidade por outras patologias, nomeadamente cardiovasculares e cerebrovasculares, na pandemia Covid”, diz esta especialista, acrescentando que a explicação pode ser “multifactorial”, mas é certo que os profissionais de saúde ouvem relatos de medo na ida ao hospital.
“Há uma mensagem muito importante que estamos a sentir é que muitas delas é porque os doentes têm medo de ir ao hospital, têm medo de recorrer aos serviços de urgência”, diz.
Lídia de Sousa diz ainda que estão “a observar, nomeadamente nas situações cardíacas agudas, um atraso na procura da ajuda dos serviços de urgência e esse atraso vai pagar-se quer em consequências, sequelas dos enfartes que não são tratados atempadamente, quer, eventualmente, num aumento de mortalidade”.
Perante este cenário, a cardiologista Lídia de Sousa apela a que não hesitem em ir ao hospital.
“O doente deve comportar-se como se não estivesse a haver pandemia. Deve reconhecer os sintomas, procurar ajuda o mais urgentemente possível face a sintomas de enfarte ou face a sintomas de doença cardíaca instável, não só necessariamente um enfarte”, diz, deixando ainda uma nota de tranquilidade.
“Os serviços de cardiologia a nível nacional, quer públicos, quer privados, estão preparados para dar resposta a esses doentes em segurança. As pessoas não precisam de ter medo, têm é que ter medo da doença cardíaca não tratada”, remata.
Excesso de mortalidade em tempo de Covid-19
Quatro mil mortes a mais em Portugal desde o iníci(...)
Portugal regista esta sexta-feira 1.007 mortos associados à Covid-19, mais 18 do que na quinta-feira, e 25.351 infetados (mais 306), indica o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde.
Comparando com os dados de quinta-feira, em que se registavam 989 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,8%.