20 jun, 2020 - 13:22 • Redação
As reações sucedem-se nas redes sociais. Atores, apresentadores, músicos e desportistas deixam uma última homenagem ao ator Pedro Lima, encontrado morto este sábado na praia do Abano, em Cascais.
Nomes do mundo do espetáculo como Herman José ou Fernanda Serrano, o surfista Tiago Pires, o escritor Valter Hugo Mãe e vários nomes da televisão, como Felipa Garnel, Iva Domingues, Cristina Ferreira ou Pedro Fernandes foram alguns dos que se despediram do ator.
Os amigos de Pedro Lima admitiram estar "sem palavras" e "em choque".
A Federação Portuguesa de Natação lamentou a morte do ator, que foi também nadador. Também a Federação Portuguesa de Râguebi endereçou as condolências à família.
Um dos filhos de Pedro Lima, João Lima, é internacional português da modalidade.
O Sporting usou a sua página oficial para manifestar "pesar" pela morte do ator, que descreve como um "fervoroso sócio" e "presença habitual no estádio José Alvalade", lembrando que foi atleta de natação dos leões.
Televisão “perde demasiado cedo um emblemático protagonista”
A ministra da Cultura lamentou hoje a morte do ator Pedro Lima, considerando que a ficção em televisão “perde demasiado cedo um emblemático protagonista” e um ator que “milhões de portugueses conheciam e admiravam”.
“A televisão portuguesa perde demasiado cedo um emblemático protagonista, mas também uma presença que emanava simpatia e que milhões de portugueses conheciam e admiravam através dos ecrãs”, lê-se na nota de pesar de Graça Fonseca, em que “lamenta profundamente” a morte do ator.
A ministra destaca o percurso de Pedro Lima, desde nadador olímpico por Angola às personagens que fez em telenovelas e que o aproximou dos espectadores, e endereça as condolências a família e amigos.
Jorge Silva Melo destaca "minúcia e rigor" do ator no teatro
O encenador Jorge Silva Melo elogiou hoje a “minúcia e o rigor” de Pedro Lima como ator, com quem trabalhou em dois espetáculos de teatro, e destacou o carinho e amizade que deixava em todos os que consigo trabalhavam.
“Trabalhei com o Pedro em dois espetáculos, um na Assembleia da República e em Inverno, de Jon Fosse, e só tenho boas recordações dele. Muitíssismo bom trabalhador, dizia sempre ‘não tenho talento, tenho de trabalhar mais’, o que não era verdade”, disse Jorge Silva Melo à Lusa.
Segundo o encenador, quer nos espetáculos em que trabalhou com o ator quer naqueles em que apenas foi espectador - recordou ‘Negócio Fechado’, de David Mamet, a que assistiu no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada) - "o que impressionava era a minúcia com que trabalhava, o rigor” de Pedro Lima.
Também do ponto de vista humano, Silva Melo guarda “as melhores recordações” e foi em choque que recebeu a notícia, lamentando não o ter abraçado recentemente.
“Adorava o Pedro, fiquei muito chocado e a amaldiçoar-me porque não estive com ele recentemente, não o abracei. Em todos os espetáculos que fez teve o carinho e a amizade de todos os que trabalhavam com ele, é raro haver respeito total, era um homem realmente digno e honesto”, afirmou.
Segundo Jorge Silva Melo, era habitual estar com Pedro Lima no almoço do seu aniversário, em abril, que este ano não aconteceu devido à pandemia de covid-19.
Um dos convidados habituais do almoço de aniversário era Manuel Cavaco, que, contou Jorge Silva Melo, foi quem "descobriu" Pedro Lima para a representação quando numa novela precisavam de um homem jovem de "bom ar" e se lembrou dele.
Morte de ator é "duplo golpe na comunidade teatral"
O diretor artístico do Teatro de Almada, Rodrigo Francisco, considerou hoje que a morte de Pedro Lima é "um duplo golpe na comunidade teatral" do país.
"Para além das suas qualidades na vida e no palco, o Pedro era também um indefetível espectador de teatro: amava acompanhar o trabalho dos seus colegas, e raramente perdia uma oportunidade para assistir aos espetáculos que vinham de fora. Como artista e desportista que era, gostava de emular-se com os melhores", comentou Rodrigo Francisco à agência Lusa.
O diretor artístico do Teatro de Almada lembrou que naquela companhia Pedro Lima interpretou textos de Mamet, Hemingway, Vichnievski e Strindberg.
"Em todos os elencos que integrou, ofereceu-nos a sua alegria, o seu rigor, a sua generosidade, o seu carinho e a sua ímpar capacidade de trabalho. Perdemos um de nós. O Pedro vai faltar-nos no palco e nas plateias", disse Rodrigo Francisco, enviando condolências à família e amigos do ator.