Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Reportagem

Fundão. Produtores de cereja vendem às portas da cidade, mas querem mais reconhecimento

20 mai, 2021 - 13:00 • Liliana Carona

Nos acessos à cidade do Fundão há 'Mercados da Cereja', bancas disponibilizadas pelo município, onde os pequenos produtores locais podem escoar o seu produto, apesar de se queixarem de falta de visibilidade. Autarquia avança com iniciativa para que os bebés que nasçam em junho possam apadrinhar cerejeiras.

A+ / A-

Os Mercados da Cereja são criados anualmente, entre os meses de maio e julho, para comercializar a cereja do Fundão, nas entradas da cidade, a norte na Zona Industrial do Fundão e a sul na localidade das Donas, e também na EN18, junto ao cruzamento para o Alcaide.

Fonte da autarquia, realça que “estes locais funcionam de acordo com as normas de higiene e segurança estabelecidas, assim como de distanciamento social essenciais na resposta à epidemia de Covid-19”.

Numa das bancas com toldo branco e vermelho, está Ermelinda Costa, 50 anos, a vender a cereja ao camionista que passa. Motorista internacional, Henrique Lopes saiu da A23 para entrar no Fundão à procura do ouro vermelho. “Para vir às cerejas, venho de França, levo sempre para a minha pequenita”, conta, sem regatear o preço. “É oito euros dois quilos, dá-me gorjeta?”, questiona Ermelinda, agarrando a nota de 10 euros.

“É o preço delas, é o normal. Eu passo cá sempre, hei de cá vir de mota para levar mais caixas”, insiste o motorista, a quem Ermelinda garante que da próxima vez até oferece uma caixa.

Henrique há de voltar para comprar mais cereja aos produtores locais que a vendem às portas do Fundão, mal se sai da A23. Alzira Maceiras, 60 anos, quer mais publicidade. “Sou pequena produtora, há menos clientes, não há publicidade, muito má informação, eram precisas placas a dizer ‘Mercado da Cereja’, defende, explicando que o “espaço pertence à junta de freguesia e a câmara pôs ali as bancas na entrada Sul, da A23, junto ao edifício de freguesia das Donas”. E apela: “agradecíamos que ajudassem os pequenos produtores, porque os grandes estão garantidos”.

Com 4 hectares de plantação de cereja, José Matos, 74 anos, reivindica para si, o título de produtor da melhor cereja do mundo. “Tenho uma quinta no Fundão, na aldeia do Alcaide, a nossa cereja distingue-se pelo clima, pela terra e localização, porque a Serra da Gardunha tem um microclima, houve tempestades de granizo que nós não tivemos”, assegura o produtor que ainda o dia vai a meio e já só tem uma caixa de cerejas para vender.

Bebés de junho vão poder apadrinhar uma cerejeira

O fruto que no Fundão assume a tonalidade de vermelho escuro, por vezes quase negro, é para ser comido do princípio ao fim, ou quase. “Só não come os caroços, mas também são rentáveis, para tirar as dores, o pé da cereja faz bem à barriga, faz doce, licor, pode cozinhar com cerejas, fazer bolos, ainda ontem fiz um clafoutis”, afirma Ermelinda com sotaque, herdado dos tempos em que foi emigrante em França. Tem mais de uma centena de cerejeiras da variedade ‘burlat’ (mais escuras) à ‘arlis’ (as primeiras a nascer).

O Município do Fundão garante que vai reforçar a divulgação destes ‘Mercados da Cereja’ e recorda a recente iniciativa de apadrinhamento para todos os bebés nascidos em Portugal no mês de junho, com o mote “Cerejeira – Árvore da Vida”. Todas as crianças nascidas em Portugal no mês de junho vão ter direito a um quilo de cerejas se aceitarem apadrinhar uma cerejeira no Fundão.

A partir daí, poderão continuar a receber um quilo de cereja sempre e quando se faça demonstração que o “padrinho” foi visitar a árvore no ano em causa. O apadrinhamento de cerejeiras inclui certificado, boletim de apadrinhamento e a entrega de 2kg de cerejas, durante os primeiros três anos. A partir daí, o "padrinho/madrinha" poderá colher toda a produção da sua cerejeira.

Para apadrinhar uma cerejeira os interessados deverão dirigir-se ao Posto de Turismo do Fundão, aceder à plataforma do município www.produtosdofundao.pt ou contactar através do contacto telefónico 275 779 040 ou do e-mail fundao@fundaoturismo.pt, preencher uma ficha de apadrinhamento e pagar o valor de 20 euros anuais.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+