02 jan, 2025 - 15:02 • Lusa
Foi descoberta por acidente e tem uma série de características raras, quando comparada com as demais espécies de moreias já conhecidas. Esta nova espécie é castanha e delgada, vive na foz escura e lamacenta dos rios — ao contrário da maioria das moreias que são marinhas — de vários países do Indo-Pacífico central.
A nova moreia (Uropterygius hades) foi batizada de Hades, o deus do submundo na mitologia grega, devido ao seu habitat único, ao comportamento escavador, à alta sensibilidade à luz e à sua cor escura, tendo sido encontrada no sul do Japão, Taiwan, Filipinas, sul de Java (Indonésia) e Fiji.
Cientistas da Universidade Nacional Sun Yat-sen, em Taiwan, da Universidade das Filipinas Ocidentais e o ictólogo Yusuke Hibino, do Museu de História Natural de Kitakyushu, no Japão, descrevem a nova espécie num artigo publicado em dezembro na revista científica ZooKeys, segundo a agência noticiosa privada espanhola Europa Press.
Das cerca de 230 espécies conhecidas de moreias em todo o mundo a maioria vive em ambientes marinhos e apenas uma espécie passa a maior parte da sua vida em água doce. Embora algumas espécies marinhas, como a moreia gigante (Strophidon sathete), possam tolerar e ocasionalmente entrar em ambientes de baixa salinidade, como a foz dos rios, as moreias especificamente adaptadas aos "habitats" estuarinos são extremamente raras.
Num tanque, a Uropterygius hades mostrou um comportamento de escavação com a cauda, o que raramente é visto em moreias, tentando constantemente esconder-se da luz.
Os seus olhos pequenos (que se pensam serem uma adaptação a ambientes com pouca luz) e o número reduzido de poros sensoriais na sua cabeça (para evitar a obstrução pela lama) sugerem que esta espécie pode ser uma excelente escavadora, uma vez que depende principalmente da quimiorrecepção (sensibilidade a estímulos químicos), em vez da visão, para detetar presas ou evitar predadores.
A nova moreia foi descoberta por acidente, quando três cientistas da Universidade Nacional Sun Yat-sen investigavam a caverna fluvial subterrânea de Puerto Princesa, nas Filipinas, para estudar a fauna e tentar encontrar uma espécie de enguia das cavernas, a Uropterygius cyamommatus, o que não conseguiram.